Pensei em lhe escrever, quando o Pedro
ganhou da Tuka, uma semente que te lembra muito, mas acabei deixando pra lá. Só
que hoje, ao revê-la jogada no chão de casa, não pude resistir.
Era nos bolsos das calças
sociais, na gaveta do criado mudo, ou na carteira, que sua imagem habita minha
memória afetiva.
Agora, o Pedro está aqui do meu
lado. Pedi que pegasse a sua semente e foi como se tocássemos uma lembrança.
Fico muito feliz em ter a oportunidade de partilhar isso – te comunico aqui um
prazer. Lembro que tu eras como um amuleto – acesso a minha genealogia dos
fetiches -, um fetiche no sentido original da palavra: que é feitiço.
Saiba que eu carrego cristais e pedras na carteira – Dionísio tem um pé nessa
raiz -, por isso, lhe escrever muito me agrada, pois é como se me reescrevesse.
Carregar estes feitiços muito me conforta e amaina o peito – consigo caminhar
um passo tranquilo sobre a terra – sempre um passo a mais.
Me despeço de seu anteparo, aproveitando pra dizer que o
Pedro – que é meu cúmplice nesse reencontro fundante - também quer lhe escrever neste postal que te enviao
para compartilhar a nossa situação.
Muito obrigado por habitar o nosso imaginário;
Dos seus, Bruno e Pedro Henrique Pastore
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