sexta-feira, 27 de junho de 2014

metas para um como tô

lembrar para onde eu ia quando olhava o organismo das casas se juntando à serra que formava um recorte no horizonte abraçando a esfera do céu

lembrar o que tinha naquele estado e o que eu acessava ali

desvendar esse magnetismo triangular entre o dentro, as montanhas da serra e a vastidão do céu
radiante
sol que entra pela janela
pano de bordel italiano estirado na porta
tudo se inscrevendo rente

vou para o quintal
 chamo a mãe e pedalo a esfera
o grande e o pequeno se beijam na ponta do arbusto


o destino dos bonecos de pano é ser aclamado na chegada seguido de um abandono
mas nunca, nunca ter partida

Demandas internas

ver o outro terreno (homem)

sou Deus e moro submerso

vamos morrer um dia

tranco minha casa
esparadrapo no umbigo - alecrim e arruda e cânfora - forças terríveis

mudar tudo

desenhar um elefante
não, uma vaca


e obra é quando é preciso fazer algo que precisa ser feito




quarta-feira, 18 de junho de 2014

paragem e um zunido ao redor

acordei desabotoado
desenhando uma flauta após a canção de caída
 e tudo se refazendo em meus dedos
uma troca de pele outra carta outra esfera

nem me lembro mais

pari uma aura

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Olhar os vizinhos é se banhar no barro da palavra bairro

Paul Éluard: amante das eras
ao contrário dos que pensam
sonhava acordado

Ungaretti: véio cara de louco
andarilho que viveu para decifrar a vida e a morte na alegria da estepe

Daniel Minchoni: pedreiro amante do concreto
cabeça de lampada e antena
raciocínio particular

Lucena: atirador de fronteiras
atravessador da movença
uma bondade unívoca

Pastore: abridor
jardineiro metafísico
livro-me-livro

Manoel de Barros:
conquistador do inútil

Pedro Henrique: bufão,
cuidador dos debates entre as árvores e as borboletas

Lobot: brainstorm
toró de palpites e piloto do caos

Angela: aceitou
e vermelho é a cor das orações para uma aceitação
ter presença - escopo

Jõao Cabral: faca
rompe o sono que só dorme

Sinhá: livro de carne
me livra da carne
na carne

LLansol: oráculo
 nada precisa e abre um novo oráculo
dentro do oráculo - tradução:
a magia sou eu

Rilke: carteiro
como um pai as respostas são mar

kurt schwitters: vida aos fragmentos
de uma inércia que age
falou a língua feminina da entidade

Willer: capitão
bruxo despertador dos poetas como balsa
do caminho interno oposto ao fora
gnose

Nomura: banco de imagens, ajuntamento
como o sonho, restos do cotidiano

Cosmogonia




Aberto o livro dos nascimentos