sexta-feira, 30 de março de 2012

PARA FAZER O MAPA DIAGRAMA DA EXPERIÊNCIA



(, aqui a virgula é o nascimento)

1.
Linha da partida – ida (depois>>>antes)
2.
Obstáculo interstício – argamassa (linha
pontilhada)
Aqui há uma ponte:
na lama, barreiro é um lugar redondo cavado
no chão e tem água dentro
3.
Classificar ferramentas (fazejamento)
4.
Classificar o que veio antes
(da faca, a mão – da água, a sede > o
mundo é meu apetite)
Sempre ver e dizer o que veio antes
5.
Eleger um antídoto entre o antes da ferramenta e
a pedra:
Educação
pela pedra – João Cabral de Melo Neto
6.
Classificar três obstáculos que nos impedem de
ver a argamassa
Ensaio para 3D – escultura >>>para
colocar a mão na pedra
7.
( Olho da vinda – da saudade(há a suspeita da
demissão deste olho)
8.
) Olho da ida – de voltar para casa
9.
,E (nascimento).
10.
Eu.
11.
Em.
12.
Nós.
13.
Classificar a ausência argamassa metal mente
(verificar asterísticos)
primeiras
fendas feridas na pedra e o que atravessa – coisas mínimas aqui e agora
14.
Classificar o estado da presença – verificar a
permanência - (primeira cena do filme "O sacrifício" de A.Tarkovsky) .
15.
Visão solar – ver a travessia e mirar à frente -
visível e onividente
olhar é um principio cósmico – holística: sol é
o deus total, o olho que tudo vê
(não se trata de peixe grande, trata-se
de pegar com a mão)
16.
Escrever depois que atravessa: fundar uma nação, um país no racho – na fenda
de seu exílio e conquistá-lo, habitá-lo, inventando sua própria língua e um idioma
para traduzi-lo
17.
Ouvir a ressonância, dizer as repercussões,
verificar as reverberâncias e reverberar











sábado, 17 de março de 2012

o coração é um cavalo correndo na beira do mar bravo
meu trabalho é fazer suas patas rimarem iguais e igualá-lo a espuma na areia da praia

manifesto no que fica
 no que perdura num andar acima

Manifesto a mulher que habito


...Eu cruzei doze cidades, sempre olhando as casas pelo lado de fora e espantado porque do rosto dos homens havia sumido o encanto. Foi só na última cidade que notei a mulher ao meu lado e vi que a mulher na mulher amava o exilado.
(E foi essa a única revelação que me nutriu.)

Segredo de um amor II, Juliano Garcia Pessanha

...

Maria,
quero caber todo em você.

Amor, Manuel de Barros


Precisamos ver de dentro.
Essa mulher que me nutre me veste e esquenta a água para banhar-me no mergulho, eu a vejo de fato, ainda consigo ver sua demência?

Não sou o mesmo de décadas atrás, mas é mentir dizer que o mesmo não está em mim.

Alguma coisa ativa, como o chão, me prende. Só não consigo ver quando me ausento numa “falta de ver”( nome real da ausência), numa doença antes dos olhos, que faz enxergar somente o que os olhos vêem e isso pode causar o fim de tudo.

Onde está a mulher que me prende?

Acho seu ponto de loucura, este desarranjo que me trouxe e vem me trazendo, este ponto que interessa e extrapola.

Eu te acesso, faz confundir-me, chamá-la de mãe. Mostra que poderíamos ter chegado onde chegamos sem metade do que nos importamos tanto e que literatura, não é nada mais que o nosso rosto – aquilo que diz o osso.

A mulher que idealizo, de nada serve se não igualar-se àquela que só participo, numa manobra de recepção(fora para dentro) e repouso, nunca o contrário. A contração e a projeção (dentro para fora) não passam de pretensões executáveis - manobras delicadas para o serviço de participar.

Acesso essa mulher que se deita ao meu lado, essa é a única pretensão sem pretensão - o acesso é nato e ultrapassa o que pretender significa.

Por isso, quando ler meus poemas – os que contam por contraírem em si a poesia – e sentir-se incorporado em algo benfazejo de fato, saiba que o que salvou não foi eu, foi esta mulher que me suporta e é ela quem escreve em mim. Dela tenho me nutrido e só assim consigo escrever o que vejo - como um animal comendo na cuia da criança. Não agradeça a mim, agradeça ao que sustenta.



Março, 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Apêndice> órgão para manifestar no que fica

É TORNAR VISÍVEL O INVISÍVEL


- cidade como tabuleiro
não existe não lugar

na morte do espaço: Aquilo é uma manifestação de vida
(a vida na morte do espaço)

pensar o interstício
o vazio que tudo contém (o som do On)

(Inversão do vazio)
)não dito(

esvaziar São Paulo como no Ataque do PCC

INTERDITO: meio dormindo/meio acordado - visitar esta fronteira >>>> o espaço no entre das coisas
O que está INTERDITO na 23 da Maio interditada as 18hs???
uma declaração de amor uma epifania uma miragem possível


Augusta com a Consolação, um comboio - deve ser alguém importante - polícia, sirenes param os quatro lados da avenida e todos, transeuntes e motoristas perplexos, mudos esperando o acontecimento por vir. Repentinamente surge a autoridade e tudo para de vez - sirene para, todos calados permanecem calados, ninguém anda para frente nem para trás, tudo para e resta um silêncio, uma fresta na cidade. Num segundo passa a autoridade e esse sopro calmo, como um devaneio desperto, se vai engolido pela cidade e seus barulhos, seus movimentos.
>>> viver isso, proporcionar isso só por um segundo.
V
V
V
V
V foi detectada a necessidade de um maestro V
V
V
V
Pensar/ousar esta maestria e causar na cidade do dia a dia
o que é fácil ter numa praia deserta ou “quando se está meditando".
( ioga as 14hs na Sta Efigênia/Giuseppe Ungaretti "A Alegria ")






Buscar essa presença, este lugar no espírito do agora
não em uma simples transcendência, sim em algo iminente.

Manifesto no que fica



(O mar é aqui)
para se realizar aqui onde estamos, o que é
fácil na beira duma cachoeira ou numa praia deserta.





Legiões correm em busca do mar e dizem que lá está o nosso lugar. E se esquecem que só passamos por ele.

Na hierarquia - coisa que só o deserto exige - quantos dias viveríamos sem beber e comer. Sem ar não existiria dias.

O ar é tanto que se tornou abjeto.

No mar está o outro, o encontro, a nostalgia do que fomos e o desejo de ver o grande, de ver grande. - Eis o abraço largo e sorrateiro da acídia que pode nos restringir e que pode nos impedir de verticalizar o horizonte e ver grande, ver o grande aqui e agora.

(Encosto a nuca nas costas, agora!)

Esquecer do mergulho inicial, o mergulho em que até o mar está incluído, é uma
corrida cega e uma nostalgia praiana que adia o mergulho num desejo de estar sempre à beira, sempre à beira que precede e adia o mergulho.

Neste mar, que até a catinga( coisa seca que não existe em nenhum outro lugar do mundo, só aqui) está submersa, se manifestaram todos os mares.

Desvendado os segredos da catinga, fica fácil o serviço de fazer o sertão virar mar.

MA R M A R AR A R M A R E T E R N O C È U AR D E

Manifesto o mar que fica, o mar é aqui.

E se somos água
viemos para refletir o céu.


Play na poesia

Sarau do burro


Dona Edite da Cooperifa

Cooperifa

Sarau do Binho

Vila Fundão - Fernando e seu filhão


Trabalho de disseminação do projeto “Play na Poesia”.
Fortificando e percorrendo os saraus pela cidade.
Muito obrigado à todos pela boa recepção do projeto, continuaremos percorrendo os extremos.

Acessem, publiquem e divulguem:


http://playnapoesia.com.br/blog/

CRIVO





Pra hora da fome e senti-lo de fato:
http://luisfelipequintal.blogspot.com.br/

http://angelacastelobranco.blogspot.com.br/

terça-feira, 13 de março de 2012

Writer diz que o mundo grita
range OPA!
e essa é a altura do esticar, esse é o som do alongamento

Pintamos, mas na verdade queremos derrubar
pixamos, mas na verdade queremos dizer
escalamos para não calar
para dizer alto e no alto das coisas achar o nosso volume

A terceira janela hoje é pouca, para nós é raso
subo mais, fácil, depois que peguei o jeito do gato
pois o que quero é verticalizar o horizonte
e isso quer em mim, numa utopia inconsciente

Mas na verdade só quero, por um momento, fazer as nucas encostarem as costas
e essa é a tradução de “bater a testa”
Writer desde sempre vem estendendo a infância borrando as paredes
só perguntando ao outro se ele acha esta pedra familiar

Agora detesta paredes, foi um engano que virou superstição
Agora tem em ruir
e mais que abrir janelas e pintar seus vultos,
prefere abrir buracos

E diz que não podemos decorar a argamassa

sábado, 10 de março de 2012

Drummond - Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos.

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/460650/

domingo, 4 de março de 2012

Escrevo na finalidade do fóssil

se um dia iremos,as samambaias não
elas resistirão entre as frestas

Imagino um livro meu entre as samambaias
ele transmitirá o meu osso

sábado, 3 de março de 2012

resposta à mandala




Sobre não se poder viver no limite de sua capacidade:

Tudo que podemos evitar devemos evitar.

Tudo que podemos fazer, devemos fazer por que podemos e se podemos fazer, é por que devemos.

Um surdo pode fazer tudo, menos ouvir.

Cervantes concluiu Dom Quixote numa prisão em Madrid, assim como Ungaretti escreveu seu livro de poemas “A alegria” no fronte de batalha. Quando Cervantes estava em vias de concluir sua obra, acabaram os recursos de papel e então começou a escrever no couro. Sabendo disso, um milionário espanhol quis lhe fornecer papel e o material necessário para concluir tal obra. Mas Cervantes recusou dizendo que o céu lhe proibia que se retirassem dele os fardos de que lhe eram necessários e que o que enriquece o mundo são tais situações adversas.

Maturana fala bonito quando fala que não vemos o mundo como ele é e sim vemos o mundo como somos.

Heidegger pensa na diferença entre o mundo e o planeta e que a obra de arte é o fruto de um combate entre planeta e mundo. Planeta é o que está, é o céu e a terra que sempre ai esteve incondicionalmente. E mundo é tudo quilo que de dentro (mundo-mente) projetamos do olho para fora entre a terra e o céu (planeta). Nessa interferência continua e inevitável, vemos que só assim uma obra de arte pode mudar o mundo e também que se o mundo acabar, o planeta persistirá com as samambaias crescendo entre as frestas.

O mundo é pequeno perto do planeta, mas um só existe no outro.

As situações adversas como a de Cervantes enriquecem o mundo (mente), e amplia o mundo. Se ampliar o mundo é ampliar a mente, e podemos executar este trabalho de aumentá-lo, devemos alargá-lo em sua potência e continuar o trabalho de emancipação. Se não executarmos o que devemos executar em seu limite, talvez o mundo não se estique o bastante e não se manifeste em sua totalidade.

Não sei por que devemos, mas se devemos, devemos aqueles que esticaram a possibilidade de mundo para nós, pois se necessitamos escrever hoje, temos em mãos, uma caneta para escrever. Devemos a essa herança ancestral. Devemos honrar isso, honrar essas pessoas que viveram no limite das adversidades e nesse limite viram que podiam esticá-lo.