quinta-feira, 27 de novembro de 2014

boas novas sobre a permanência: Programa Agente Comunitário de cultura



Documento aqui que faço parte da primeira edição do programa Agente Comunitário de Cultura, por conta de um projeto de pesquisa selecionado via edital.

 A proposta do programa é de apoiar financeiramente por meio de bolsa, os indivíduos 
que, de forma individual ou coletiva, desenvolvem, entre outras ações, processos de criação e produção nas diversas linguagens artísticas e de expressão cultural: práticas culturais relacionadas ao pensamento, formação, qualificação, criação e disseminação.   

Por isso estarei me dedicando com afinco os meus estudos de cosmicidade, com tranquilidade, efetividade e respeito que eles exigem e merecem.

Em breve estarei compartilhando mais do processo por aqui.
Ao final da bolsa, irei partilhar os resultados, contribuindo com a produção e a promoção cultural da cidade.

Por hora só quero deixar claro que, o nome Agente Comunitário de Cultura, diz mais da empreitada de meu trabalho do que a palavra artista ou poeta.
Prefiro me considerar um agente cultural, pois tem mais a ver com rituais, situações, encontros e com os objetos de emergência que concebo naquilo que Age em prol. Tenho mais costumes e prazeres a serem compartilhados do que objetos de arte. E é disso que vêm as soluções que apresento à comunidade. 

Cultura aqui é o modo como concebemos, habitamos e construímos a casa!

Partilho aqui, novamente o organismo da pesquisa:















Muito obrigado!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

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aceito minha dor
é uma amiga que me faz seguir ou recuar e na dificuldade de ouvir o coração é ela quem fala
ouço esse segundo coração - exú de minhas encruzilhadas
só assim ela irá partir ou revezar de lugar

cada fruta carrega seu cacho e da vazão à suculência numa agonia em estado de ser

estou chegando num estado onde o vento é expresso nas árvores e é numa impossibilidade de ficar parado que as coisas mais gratas fluem. é quando estou parado  que vários estados vem ao meu encontro, alguns frutíferos e outros não. me sinto numa necessidade de adentrar. é como se soubesse de todos os mundos que me cercam e quisesse sempre visitá-los. ao sair de casa percebi que me cabe mais a palavra endereço do que escritor ou poeta - um endereço a endereçar. esse endereçar vem de uma necessidade que, vista por um prisma capaz, me faz compartilhar meus prazeres incontrolavelmente. são mundos que acesso enquanto uno a inevitável criação com a saudável atividade. eles são sempre frutíferos e espocam na realidade me fazendo bem, me dando esperança e, por mais que eu não acesse nada, pelo menos fico com o texto e com os materiais que se acumularam e se diagramaram conforme suas fruições. eles trazem em si possibilidades de mundo - minhas mãos escrevem, poderiam estar fazendo coisas piores nos mandamentos desse impulso. sinto estar tomando posse da mão: sempre um endereço a endereçar.
Perguntei a Baudelaire sobre meu egoísmo, onde ele estava – pensando na faceta artista - ; num mimo ele respondeu seco:

Da vaporização e da centralização do Eu. Tudo está nisso

seguir o encalço nietzschiano

circular a palavra vaporização ligando uma seta:

a criança conhece um devaneio natural de solidão, um devaneio que não se deve confundir com o da criança amuada. em suas solidões felizes, a criança sonhadora conhece o devaneio cósmico, aquele que nos une ao mundo – núcleo de infância.

circulada a palavra centralização uma seta liga mais embaixo:

lembrança de estado – horas do “norte”; horas sem relógio que só existem na infância – revisitado isso que eu usava quando sabia que ia dar “ a minha hora” de voltar pra casa

este será meu norte

ronda e norte são tags que faço quando a mão fala por si – escuto a voz do corpo

este será meu norte

entrava pela frente mas ia direto ao fundo da casa e entrava na cozinha – direto ao fundo da casa: impressão de profundidades. ateliê primeira casa/quartinho, lugar de trabalho e quando não sempre foi uma espécie de porão/ depósito da casa  – lugar onde frequento com frequência e me vejo como sou realmente (animal riscado): frase no batente da porta e eneagrama na porta – entravamos pelos últimos cômodos

sempre os últimos cômodos


sentado num pano tecido por sóis luas e estrelas fecho os olhos e vejo o ponto preto que reveza o lugar
abro e as copas das árvores são a continuação de minhas pálpebras
ando em cima de um elefante e as crianças vem ao meu encontro
escutando aquilo que escrevo com os olhos
e novas notas musicais são tocadas

si     ser        sendo


tudo que sorri pra mim é meu amigo

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

do deserto à maturidade lúdica sorrio a lua nova que transpassa minha vida em nostalgias e num rabisco acesso os pontos de mundo que me eram companheiros

farejo rumo

a morte a mercê da viagem

exponho-me no colo do bom tempo






transfiguração em Ungaretti




Adentro saturno



















Arte de acolhida:

refazer o corredor onde o espaço do indivíduo em sua primitividade se faz e a vida desliza sempre crescendo e se aprofundando. Espaço onde a pele retoma seu lugar e movimenta-se de forma perceptível - isso é uma noção de casa ( educação física). Aberto esse pequeno orifício, após o contato com o momento/objeto/situação, tudo se torna familiar a ponto de ser mais que possível falar com sigo mesmo: cá estou, cá estou.

Se trata aqui de realizar uma estreiteza através de uma espécie de impressão primária: a de estar em casa.






de manhã tinha um pássaro na minha janela
ao ser olhado ele voou

repetirei isso durante o dia todo para firmar meus pés
e por mais que um logos esteja costurado na língua
todo pássaro nas vistas é uma liberdade
e o homem preso sente o sinal 

essa tautologia eliminou a culpa e o caminho confiou no caminhante
fin-can-do-se


nada de realidade e nada a ver com a voz
um dizente que tece a realidade num novo mundo adentrado neste mesmo
bulbo rente as raízes

algo deve ser parido



descoberta da matéria querida
o animal é feliz quando pode ser o animal que se é
assim ele areia