Olhos:
mágicos que ressuscitam o que se derrubou espatifando e desfazendo-se em pedaços no chão
braços:
pinturas plenas de segredo e sabedoria
tecido selo postal foto velha palavra cortada botão e ripa
vida e beleza nas coisas mínimas
terça-feira, 28 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Medida de Cosmicidade
Na higiene que cessa o contato e a construção da casa com a
própria Substância, raros são os momentos de noção do Todo – Totalidade que
pode ser chamada de ver as coisas num mote só – Trama – tal como lesma que
constrói a casa com a própria saliva.
Contra as pilhagens da
casa – telhado é igual a céu
em Prol dos momentos raros:
amplio paulatinamente a inspiração e aumento a medida da
respiração e armazenamento de ar, sem esquecer das palavras, fluxo e contínuo,
e assim aumento minha capacidade no Ar.
-“capacidade de estar no Ar” e ”aumento minha capacidade no
Ar”-
Afirmações de escopo, corpo e presença no Corpo - no Ar.
Exercício de Totalidade:
a inspiração primeira que cometemos ao nascer é por si só um
conselho, uma sugestão,
sem saber sobre a mecânica da respiração e o caminho do
oxigênio, respiramos uma “respiração divina” - de adivinhar,
tocados por uma potência, somos levados a um esforço
“inspirador” que gera uma “força inspiradora” que nos obriga a respirar
só assim vencemos o mergulho ao contrário
Do vencimento:
Mais raro ainda são os homens que conseguem permanecer
retendo esta força por muito tempo, evitando o retorno, a partida
(Salmões sobem a corredeira e quando chegam ao seu destino
morrem e voltam arrastados pela correnteza por onde vieram. Quem assiste da
ponte, costuma dizer que eles só querem voltar para casa, o mergulho é o mesmo)
A Inspiração (ideia) está para a respiração (inspiração e
expiração) assim como os patins estão para os patinadores e se encerram -
(em)cerram-se)
Interior:
Quem ensinou a respirar e quem avisa a hora de respirar?
Quando saí da água e
nasci pela primeira vez, num afogamento invertido, que inspiração me avisou que
eu devia inspirar para permanecer ali naquela água nova?
O ovo de Clarice:
Um relógio biológico para a certeza e pergunta
quem me controla?
Quem veio primeiro, a Inspiração ou a
inspiração?
A capacidade de armazenar no baixo ventre
tem com a capacidade de captar as Inspirações
para resolver as questões diárias, como fizemos ao nascer.
Nascer, para nós nascidos, foi uma questão
diária, como qualquer outra que enfrentamos hoje.
Dialogo entre o besbelho e a cara:
Só vamos ao banheiro e ao banco por
necessidade, essa é uma das narrativas dos contos referente às carapaças -
questões tartarugas e abjetas, que só quem tem a casa ambulante e a leva nas
costas costumam se ater.
Desde que a vida se abriga, se protege, se
cobre e se esconde, a imaginação se simpatiza com o espaço protegido. Mas a
vida existe, nas dissimulações materiais até às dissimulações mais sutis que
existem no simples mimetismo das superfícies. O ser se dissimula pela
similitude, mas a sombra do casco é também uma habitação.
Sugiro o estudo da vírgula e das conchas para
saber de depois que atravessa.
Que Noção:
Nascer é uma questão diária.
Abrimos o olho ao acordar, piscamos e voltamos
sãos e salvos, conhecemos pessoas que mudam nossa vida, novos fatos, coisas,
lugares, respiramos novos ares e nascemos para uma nova realidade. Tudo isso
cabe no buraco que é aberto com a
expressão “mudar de vida”. È como se nunca houve e nunca haverá um mundo novo,
mais sim um outro dentro deste. É no barulho do esticar, no ranger do
desdobramento que está o volume do poema Mundo Grande de Drummond.
Pois se morremos, morremos uma vez só.
Pra
nascer frente as pilhagens:
amplio minha capacidade de respiração
inspirar é sinonimo de Nascer
e nascer é Inspirar-se.
AtEstado:
se eu ampliar minha respiração, estarei
ampliando minha capacidade de Inspirar-me, me tornando Ar a cada passo que
respiro grande, alinhando o ventre com o concavo da terra. Concavo que
corresponde ao redondo do Cosmo. O vento esculpe as nuvens e as matérias da
terra.
Lição para esculpir o tempo:
assim como o fogo queima a lenha e cava sua
marca na areia, o Ar cava o ventre e ganha espaço, produz espaço. O Ar cava, e
essa Ar- queologia faz meditar no quanto de fora é necessário para curar o
pouco de dentro. O Ar bem respirado cava dentro, tirando o que estava lá,
abrindo espaço.
Conhecer as rugosidades de dentro, onde
moram todos os segredos de nossa escuridão, exige uma ARqueologia. Respirando
fundo, medito várias vezes que conforme o ar vai entrando, ele age como uma
sonda que ilumina cada ponto que toca,
registrando e levantando, trazendo à luz, remexendo naquilo que estava
adormecido, resgatando sua presença.
Dada a imagem do desvelamento, quantas
repostas podem vir desta poeira levantada que se faz presente.
Aqui se mostra a demissão dos psicólogos,
psicanalistas, assistentes sociais, curadores e artistas, para a admissão de
uma outra coisa.
Respirar fundo é remover e renovar as
impurezas.
Apêndice – membro e perguntas órgão(como a perna,
ajuda a caminhar):
>Inspirar tem muito de expirar assim
como o ouvido precede a orelha, por
isso: cuidar do vento que venta da minha boca
e rondar antes da reverberação, evita tufões e tempestades que nos fazem
comer as pilhas do caminho esticando o chiclete, pois “sempre tem um copo de
mar para o homem navegar”(J.de Lima – jargão da bienal 2010) em tempestades que
nos impedem de ir além e esticar o mundo.
>existe a anunciação de que o “estado
das coisas”, surgindo de uma luta contra a pobreza, deixou de atingir seu
objetivo máximo – a liberação do homem de preocupações materiais – e se tornou
uma imagem obsessiva, apenas pendurada sobre o presente.
>o que o Ar tem a ver com o todo e se
inspirar tem a ver com a mente, o que respirar tem com a Mente?
> O Todo é feito do quê, e se o Ar é
total, o que ele tem a ver com o Todo?
> O Ar é a Mente do Todo, e respirar, é
armazenar a Mente do Todo?
>Respirar é acessar a Mente?
> O Todo é feito de Alma?
>Se o Ar é a Mente do Todo e o Todo é
feito de Alma e a Alma é feita de Ar, respirar é Armazenar a Alma, respirar é
armazenar-se na Alma?
> Respirar nesta Consciência é se
integrar diretamente e armazenar, aqui, é entrar em contato direto. Num fluxo,
respirar é estar em contato com a Substância que nos permeia inevitavelmente.
> Dentro da casa, para o exercício de
habitá-la, deve existir um corpo que pode ser mais Ar do que corpo.
> Meta para a consciência comer na cuia
da criança:
SOU MAIS AR QUE CORPO!
Quando as cumeeiras de nosso céu se juntarem
Enfim minha casa terá um telhado.
Venho a quase um ano meditando nestes
versos de Paul Éluard que abrem o capítulo destinado “a casa e o universo” do livro
Poética do Espaço de Bachelard e, não me lembro de ter imaginado, um dia, estar
pintando uma cumeeira. Só me deparei com o que estava fazendo, quando já estava
na metade da intervenção no sarau da Nossa Casa( Espaço cultural "nossa Casa", idealizado por Micheli Pedroso Prata, Marina Caires e Berimba de Jesus). Tenho estado nesta frase cotidianamente, meditando nela e no que o tamanho tem a ver com
a vida.
Frente ao aberto da cratera, a
impressão côncava me diz que nada, o tamanho nada tem a ver com a vida.
A natureza tem sim maneiras simples de nos
surpreender: fazendo as coisas grandes.
Mas a vida é causadora de formas, a forma é a
habitação da vida. A Vida, causadora de formas, forma formas viventes.
Resolvendo os pequenos problemas,
aprendemos a resolver os grandes. Não há nada insignificante.
Para botar ovos nos ninhos dos outros:
Do exercício de habitar, num germe de vida,
é preciso viver para construir sua casa e não construir sua casa para viver.
domingo, 5 de agosto de 2012
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