Meu velho, ou minha velha, sei lá, só sei que lhe escrevo
para dizer algumas palavras sobre nós. São elas, apenas alguns apontamentos
sobre o que intuo e agora posso nomear.
Inclusive o nome que te chamo agora é uma forma que eu
jamais alcançaria na época de nossos primeiros encontros. O que sabia ali, e
sabia de corpos, era somente que nos fazíamos bem, principalmente nas horas em
que a paz me deixava e eu subia na laje para acessar aquele nosso estado
apaziguante. Em nós, eu sentia uma integração oposta ao caos dos acontecimentos
que se davam lá em baixo – me sentia uno numa sensação que me ultrapassava.
Hoje acho que consigo lhe dizer, com e por maior precisão, disso que me transbordava.
Em ti, quando via a serra da Cantareira beijar o céu, eu me
sentia parte de um triângulo fixo e amoroso que me prendia e me unia àquela
imensidão. Éramos ali, como que um para o outro numa esfera acolhedora. Éramos
um para o outro uma espécie de esfera materna que amainava todas as
inquietações. Jamais eu ocultaria a substância dessa integração com o acidente
de um relato assassino. Te trago aqui um
vegetal vivo nutrido pelo germe da infância que ainda me acompanha.
Mesmo assim, não posso deixar de partilhar algo que insiste
em me cindir, pois não deixo de me perguntar o que acontecia ali. Saiba que
sinto que este magnetismo pode ter atraído a realidade que me cerca no agora.
Mas jamais tiraria o seu sossego com indagações sobre o meu
chamado. Aqui, só o registro de termos devaneado juntos é certo, e sei que isso
não lhe é novo. Sabemos também que existe aqui, algo que nenhum vocabulário
alcança.
Fico com seu idioma divino, abastado e grato por todos os
nossos encontros. Nos vemos em breve, amiga(o).
Um pra sempre muito obrigado, de seu velho e presente amigo,
Bruno P.
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