domingo, 30 de dezembro de 2012

 menino brincando com ossos na praia
primeira aparição antes da despedida
canto de flauta
na mão do palhaço
aceito ouvir aquilo que range dentro de seu grito

sono 
 e motor no peito
aprendo a falar a língua dos homens

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

mais do Guia de sobrevivência


água: matriz universal; primordial para a fusão aérea; mais água que a água do mar e a da pia; ocupação de poeta que comunica e a faz ferver junto á chama do seu templo.

Frevo: filosofia que toma a imaginação como conhecimento e reconhece o vapor da fusão aérea entre fogo e água; quando animus e anima copulam e a cabeça ferve; consubstancialidade.

Energia: delícia eterna; limpar de erros os livros e escrever inocência onde se lia pecado, liberdade onde estava escrito autoridade; instante onde se grava a eternidade; potência; asa do homem, onde ele se faz livre – desejo e imaginação; quando o céu esta ao alcance de nossas mãos e se chama fruta, flor, nuvem, mulher, ato; quando a eternidade se enamora das obras do tempo, a poesia é reino e o poeta volta a ser vate; quando o vaticínio proclama a fundação de uma cidade cuja primeira pedra é a palavra; quando a poesia entra em ação liberta da palavra artista e da utopia objetiva dos filósofos, agindo sem pretensão, agindo sem agir; práxis – caminho do meio; poética. 

Poema:desígnio, registro diário; fragmento; perde quando só diz da realidade;  pensamento reto e audaz; substância impressionante; pedaço de pedra estelar que estão gravados a analogia universal, superando esta condição - sendo; correspondências que enlaçam o homem com o cosmo; busca de uma idade perdida; a ressurreição do poeta como andante, namorado  e vidente; astro de muitas facetas; regresso a algo novo, de sempre – vácuo entre a nostalgia e o pressentimento; escritos de uma religião da noite; hinos que fazem nascer o dia – superação da morte;paraíso artificial(hoje, deve ser mais forte que o crack); antídoto e poção; fagulha do paraíso - para realizá-lo aqui agora; transfiguração; monstro; asa; mostra do inominável que nos rodeia; respiração; epifania;energia; potência que nos livra de nossa mente.          

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

todas as deidades residem em nós
 não me importo com virtudes morais
 ajo por impulso e não por regras
 sou destinto do pecado original

minha tia energisava pedras e cristais
agora energiso palavras
para que volte aos meus filhos e a minha casa
todas as noites sem falta
e que honre meus ancestrais

se não faço o que quero
faço o que devo

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Do guia de sobrevivência


Pintura: sempre um desafio que te tire de seu lugar; massa; espessuras que exponham em si o excesso - mostrar a gravidade e a densidão da vida a cada pincelada gorda numa expressão consciente disso;fazer cercado de crianças aumenta a dificuldade – estar na dificuldade e permanecer na serenidade de um monge; lugar de conversa com entidades antigas, acesso ao DNA( líquidos humanos), manutenção da fenda ancestral – pincel zero=pincel rezo; Terapia relacional, livro-espelho da cara; ferramenta para melhorar como ser; comunicação estrangeira; se mostra como a natureza; sempre grande ou minúscula; matéria em si que em si fala - quando a imagem é nova o mundo é novo; política; é poema e deve funcionar como tal e, como o poema, o fim de uma pintura é o início de outra;pintura social – pensar, ver e resolver a vida como se resolve a pintura, no mesmo âmbito e gozo; tudo é pintura; não lavar os pincéis, pois a pintura nunca acaba.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Metafísica da mandibula:

o mundo é meu apetite

P O E T A :

a cada apetite um mundo

renovo as belas imagens

 Saúde cósmica:

digo todas as oblações que o mundo e o planeta nos oferece

Comer:
raiz de todas as palavras das línguas humanas

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Palavra: a única curva que pode fazer é a de quando bate no côncavo e reverbera, lá no fundo e volta(suspeita-se de que isso seja uma curva). Seta reta de fogo, manifesta: falei do copo d’agua, ele vibra. Manifestação, faca da mente: se faz na boca. A boca é a casa da língua, por isso dois olhos e duas orelhas.

Borramento: palavra de pesquisa, encontro capilar, amalgama – quando a trama se faz visível – e a comunidade se faz aqui agora numa fagulha de paraíso terrestre. Postura, costura urbana; o aberto em sua forma.

Licença poética: licença normal para trabalhar, coisa de camelô, ladrão. Trabalho imprescindível na cidade. Liberdade de escambo, trabalhar livre, sem culpas morais. Aqui, a cada furto, golpe e lançamento, agradecer verbalmente as entidades envolvidas na manobra. PS: sem culpa, romper com a maré das citações.

Desenho: Mostrar o invisível, facilitação gráfica, expor uma alternativa até ser; incorporação, ascese; mostrar o que te afeta. Expressão do que fica entre a nostalgia e o pressentimento; traço, linha, registro, gratidão ao que se mostra; expressão do idioma íntimo do destino de quem desenha  - desígnio.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pariptético:

 Amigo, já ouviu falar em organização pessoal, espiritual, financeira e pessoal, essas coisas?
-Eu não posso ter organização, sou um artista!

- É que quando você fala esta palavra, sua boca e seu peito mostram a inflação de seu ego.

-Eu tenho orgulho.

-A palavra eu hoje é questionada, amigo, como uma palavra que apresenta algo muito impreciso, perecível e, hoje em dia desconfiamos com todas as forças de atitudes que partam somente dela. Ela diz de um modo restrito e imparcial, representando o oposto ao tão almejado caminho do meio. Ela desvirtua amigo.
Percebo quando capengas em tuas atividades e tropeça constantemente em seu ego, que é tal como um rabo que fica quando passa entre as portas que se abrem.
Os artistas - principalmente os que se avizinham dos poetas – carregam, assim como eles e os profetas, xamãs, pajés e os oráculos místicos, a missão de segurar, como pilares, a queda do mundo superior sob o inferior, o que causaria a destruição do nosso mundo intermediário.
Por isso amigo, ser sustentáculo e antena, exige certa organização, pois se trata de um trabalho capilar, entrelaçado e, ver e dizer deste crivo exige, além de disciplina, permanência e constância, também a demissão do eu que se dissolve em meio a esta trama que se mostra. Amigo, se dar a estes atos de doação disciplinar, doutrina e organização pessoal, em prol, num ato semelhante ao de um Vaishnava, e transmitir para os outros o diálogo entre os mundos, exige muito respeito, coragem, disposição e aceitação. Este trabalho para os outros, não aceita tropeços, uma queda pode causar a dispersão.

Sei que não quer isso amigo, por isso te digo, pois sei que quando diz “eu não preciso me organizar, por que eu sou artista”, é um eu pequeno e inflacionário que fala, um eu “descolado”, que pensa somente em si numa carreira de sucesso. No seu medo de ser medíocre, adquire complexos (de Picasso: promiscuo, artista de ateliê, acorda meio dia, transa pinta três quadros e volta a dormir; e de van Gogh: artista doidão, rejeitado e mal compreendido por todos, postura inviável nos dias de hoje, pois as raves e a cracolândia está cheia deles, arranca a orelha para não ouvir nada e nem ninguém) espelhando-se em artistas bem sucedidos, para a emancipação do seu eu.

Este trabalho de se debater, catar cavaco e cavar a duras penas um “espaço”, te faz esquecer que seu trabalho é intermediário – mostrar o desconhecido para os outros – e que este para os outros pode acontecer em todos os momentos de sua vida, até nos médios. Às vezes, seu medo de ser medíocre – que aparece na sua ânsia de ser Rimbaud: o além da média – lhe priva de potencializar todos os momentos da vida, vivendo-os de forma ausente à espera que a arte aconteça.  Seu trabalho é para os outros e realizá-lo, talvez fosse trazer este momento “onde a arte acontece“ para todos os momentos de sua vida, tornando-os potentes, com as pessoas a sua volta, ampliando o âmbito das experiências graves e produtivas. Deves juntar sua fala ao corpo.
Depois da fala, um silêncio tomado, as palavras são engolidas a seco na fresta da frase que permanece na ação sem agir, diz sem nada dizer. Na casa ao lado o vizinho trabalha a infância, recebe entidades e germes de criança.
movo, imóvel de essência
fio de cabelo na folha

 somente todo

ignorância da realidade
  uma luz encheu minha caixa d'agua

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Partilha


Pesquisas do acesso

Expressões para ter a experiência do êxtase: Imobilidade, Repouso, Quietude, Silêncio.

Mensagem aos Estrangeiros:

Contempla como tua bem aventurança reside em silêncio (bem aventurança) e por meio da qual compreendes a ti mesmo, tal como realmente és. E, ao procurar compreender a ti  mesmo, se recolhe na vitalidade, que verá movendo-se. E, se for incapaz de permanecer em repouso, não tenhas medo. Antes, se quiser o repouso, se recolhe na realidade que  encontrará permanecendo em repouso e imóvel, a semelhança do que é realmente imóvel  e contém todos os seres espirituais em quietude e sem atividade.

 
Recomenda-se a não ação:

Assim também o sábio
Permanece na ação sem agir
Ensina sem nada dizer

Caminhos de um Obscuro Encanto
na casa ao lado o vizinho recebe  entidades de criança

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

água
que atendo e abro
respondo ao seu funcionamento
faço a lição e pinto aquilo que tem vida e me chama
ameniza a febre como um banho e um chá quente


4 Lições da Costura



1ª - não costurar, deixar que os participantes costurem e se apropriem da coisa - troca real - entre todos e o objeto-colcha.


2ª - deixar as pessoas a vontade e respeitar o tempo de cada um.


3ª - treinar o silêncio e privilegiar a escuta, mediar sem interferir no debate e confiar.  Ao invés de trabalhar, respirar, pois "mestre não é aquele que ensina e sim aquele de derrepentemente aprende" (G. Rosa) - levar isso as últimas consequências.


4ª -  trabalhar para que a dispersão  não aconteça ou incorpora-la como fundamento - superar o meio termo e a dor do abandono - não ser o messias, não firmar na falta, não aderir as demandas excessivas dos espaços pedagógicos e dos meios da arte em geral que impõe a reflexão como regra, não criar espaços para a reflexão e jamais subestimar o outro achando que eles não refletem, e que precisam de espaços "criados" para refletirem, como se eles dependessem de alguém para faze-lo. Propor espaços de presença do começo ao fim - carregar isso na fala e no corpo.


Costura Urbana

Colcha de retalhos para respostas comunitárias realizada em encontro com leitores na Fábrica de Cultura V. Nova Cachoeirinha






Costura Urbana

Encontro com leitores na Biblioteca do Fábrica de Cultura do Jardim São Luis







Mais ações: http://costuraurbana.blogspot.com.br/2012/11/costura-urbana-para-respostas.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dez heresias em prol da ativação da água no corpo através do uso da expressão verbal (em prol das palavras gastas):

Heresia, do latim haerĕsis, do grego αἵρεσις que quer dizer "escolha","opção" 

1ª entre o exílio 
a estética da partilha
 caminho do meio

2ª amo quem trabalha
não pela cultura, não pela arte
não pelo outro, não por mim
amo quem trabalha
(Luis Felipe de Lucena: quando você trabalha, a casa do vizinho se move)

3ª encosto o ouvido na terra
não para ouvir Deus, quem vem lá
ou para saber da chuva
encosto só para ouvir a terra
só pelo o ouvido na terra

4ª amo sem medir a palmo

5ª (c-o-r-p-o-r-a-t-i-v-a - para ativar a água do corpo)
falo que amo 
na sabedoria de uma casa desmedida
construída para o aberto
com janelas maiores que ela
- Tzara: o pensamento se faz na boca -


6ª excedo no lugar certo, sem medida e concessões  

esgoto até que a palavra gaste
e obrigue a inventar outra

7ª tenho a licença de pai da língua

    exerço a aceitação

8ª Eu não sou Drummond

9ª Posso criar a minha própria língua


10ª  é totalmente possível viver num mundo completamente imaginado
 - acerca de Maria Gabriela Llansol -

terça-feira, 6 de novembro de 2012


cenouras na valeta
dizem a falta da respiração
e dizem da queda

as palavras estão coladas
e no mínimo
descobrir essa nova língua

para não ter costas e só ter ripas
andar em linha reta e atravessar


trocar os sentidos
macio como a infância
e andar na movença antes das coisas

profiro tudo isso ancorado
antes da palavra 




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

descrição do diagrama do acesso

Participo do início do rio
 substância - o aberto

               semente
  -genio da lâmpada (a zona)
pré realidade e primeira criação -

         imagem verdadeira


real -arvore seca- antes
    acesso, acesso
como stalker - faca
ou cabeça de jano - cometa com a cauda na frente


respiro no vale do jucá de siba
- pássarinho com galho no bico semente vibra na terra e ramo saído buscando céu-


                               no chão foram encontradas as origens do vôo


(vermelho rampa)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Descrição básica do diagrama da casa habitada



-Casa vermelha = orelha
(minúsculo dentro da orelha, ouvido dentro do ouvido
polegar dita aventuras
-glândula pineal do arado-
boca de seta curva pra cima)
               V
               V
               V
               V
Acima da casa o mantra liga direto à orelha
“respiro fundo e o ar me fez silencioso"

-Memória do futuro – cumeeira (viver o delírio)

-Desenho da construção

-Barracão – 1ª casa (canto)

- Formação –sopé

- Raiz da casa:
Ancestral/oratório
Pincel zero= Pincel rezo
       Gratidão

- "E" SOCIAL = palavra ( seta curva pra cima, vermelha onde o espírito se faz)

- Espírito(espreita seta)

- Élohim A.R. (de lautreamont)

- Visão Solar

- De Pedreiro
Matuto/ práxis

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Não pode a palavra mitigar nem o lenço devolver  pureza.

Arseny Tarkovsky em 8 icones

me faz muito bem
http://luisfelipequintal.blogspot.com.br/ 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A saga de writer

Mês das cultura independente!





http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br/2012/08/23/alameda-arte-de-rua-a-saga-de-writer/

“A saga de Writer” é uma epopeia moderna que conta, por meio da linguagem do grafitti e da poesia, a estória de um personagem pictórico que vive uma odisseia envolta de reflexões sobre a sociedade, as manifestações urbanas e os embates da vida na cidade. A estória será publicada em forma de livro pelo selo DoBurro e reproduzida nas paredes do Alameda. Com: Bruno Pastore e Lobot.

14/09/2012, sexta, 20h.
Visitação: de 15/09 a 18/11, terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Olhos:
mágicos que ressuscitam o que se derrubou espatifando e desfazendo-se em pedaços no chão
braços:

pinturas plenas de segredo e sabedoria
tecido selo postal foto velha palavra cortada botão e ripa
vida e beleza nas coisas mínimas




              http://costuraurbana.blogspot.com.br/

Diagrama do Homem Vivo: para o exercício-manobra de habitar

 
 
 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Saga de Writer


Livro - encontro
http://issuu.com/ccjuventude/docs/folder_setembro







Medida de Cosmicidade





Na higiene que cessa o contato e a construção da casa com a própria Substância, raros são os momentos de noção do Todo – Totalidade que pode ser chamada de ver as coisas num mote só – Trama – tal como lesma que constrói a casa com a própria saliva.
 Contra as pilhagens da casa – telhado é igual a céu

em Prol dos momentos raros:
amplio paulatinamente a inspiração e aumento a medida da respiração e armazenamento de ar, sem esquecer das palavras, fluxo e contínuo, e assim aumento minha capacidade no Ar.
              -“capacidade de estar no Ar” e ”aumento minha capacidade no Ar”-
Afirmações de escopo, corpo e presença no Corpo - no Ar.
Exercício de Totalidade:
a inspiração primeira que cometemos ao nascer é por si só um conselho, uma sugestão,
sem saber sobre a mecânica da respiração e o caminho do oxigênio, respiramos uma “respiração divina” - de adivinhar,
tocados por uma potência, somos levados a um esforço “inspirador” que gera uma “força inspiradora” que nos obriga a respirar
só assim vencemos o mergulho ao contrário
Do vencimento:
Mais raro ainda são os homens que conseguem permanecer retendo esta força por muito tempo, evitando o retorno, a partida
(Salmões sobem a corredeira e quando chegam ao seu destino morrem e voltam arrastados pela correnteza por onde vieram. Quem assiste da ponte, costuma dizer que eles só querem voltar para casa, o mergulho é o mesmo)
A Inspiração (ideia) está para a respiração (inspiração e expiração) assim como os patins estão para os patinadores e se encerram - (em)cerram-se)
Interior:
Quem ensinou a respirar e quem avisa a hora de respirar?
 Quando saí da água e nasci pela primeira vez, num afogamento invertido, que inspiração me avisou que eu devia inspirar para permanecer ali naquela água nova?
O ovo de Clarice:
Um relógio biológico para a certeza e pergunta
 quem me controla?
Quem veio primeiro, a Inspiração ou a inspiração?
A capacidade de armazenar no baixo ventre tem com a capacidade de captar as Inspirações  para resolver as questões diárias, como fizemos  ao nascer.
Nascer, para nós nascidos, foi uma questão diária, como qualquer outra que enfrentamos hoje.
Dialogo entre o besbelho e a cara:
Só vamos ao banheiro e ao banco por necessidade, essa é uma das narrativas dos contos referente às carapaças - questões tartarugas e abjetas, que só quem tem a casa ambulante e a leva nas costas costumam se ater.
Desde que a vida se abriga, se protege, se cobre e se esconde, a imaginação se simpatiza com o espaço protegido. Mas a vida existe, nas dissimulações materiais até às dissimulações mais sutis que existem no simples mimetismo das superfícies. O ser se dissimula pela similitude, mas a sombra do casco é também uma habitação.
Sugiro o estudo da vírgula e das conchas para saber de depois que atravessa.
Que Noção:
Nascer é uma questão diária.
Abrimos o olho ao acordar, piscamos e voltamos sãos e salvos, conhecemos pessoas que mudam nossa vida, novos fatos, coisas, lugares, respiramos novos ares e nascemos para uma nova realidade. Tudo isso cabe  no buraco que é aberto com a expressão “mudar de vida”. È como se nunca houve e nunca haverá um mundo novo, mais sim um outro dentro deste. É no barulho do esticar, no ranger do desdobramento que está o volume do poema Mundo Grande de Drummond.
Pois se morremos, morremos uma vez só.
 Pra nascer frente as pilhagens:
amplio minha capacidade de respiração
 inspirar é sinonimo de Nascer
e nascer é Inspirar-se.
AtEstado:
se eu ampliar minha respiração, estarei ampliando minha capacidade de Inspirar-me, me tornando Ar a cada passo que respiro grande, alinhando o ventre com o concavo da terra. Concavo que corresponde ao redondo do Cosmo. O vento esculpe as nuvens e as matérias da terra.
Lição para esculpir o tempo:
assim como o fogo queima a lenha e cava sua marca na areia, o Ar cava o ventre e ganha espaço, produz espaço. O Ar cava, e essa Ar- queologia faz meditar no quanto de fora é necessário para curar o pouco de dentro. O Ar bem respirado cava dentro, tirando o que estava lá, abrindo espaço.
Conhecer as rugosidades de dentro, onde moram todos os segredos de nossa escuridão, exige uma ARqueologia. Respirando fundo, medito várias vezes que conforme o ar vai entrando, ele age como uma sonda que ilumina cada ponto que  toca, registrando e levantando, trazendo à luz, remexendo naquilo que estava adormecido, resgatando sua presença.
Dada a imagem do desvelamento, quantas repostas podem vir desta poeira levantada que se faz presente.
Aqui se mostra a demissão dos psicólogos, psicanalistas, assistentes sociais, curadores e artistas, para a admissão de uma outra coisa.
Respirar fundo é remover e renovar as impurezas.
     
Apêndice – membro e perguntas órgão(como a perna, ajuda a caminhar):
>Inspirar tem muito de expirar assim como o ouvido precede a orelha, por isso: cuidar do vento que venta da minha boca  e rondar antes da reverberação, evita tufões e tempestades que nos fazem comer as pilhas do caminho esticando o chiclete, pois “sempre tem um copo de mar para o homem navegar”(J.de Lima – jargão da bienal 2010) em tempestades que nos impedem de ir além e esticar o mundo.
>existe a anunciação de que o “estado das coisas”, surgindo de uma luta contra a pobreza, deixou de atingir seu objetivo máximo – a liberação do homem de preocupações materiais – e se tornou uma imagem obsessiva, apenas pendurada sobre o presente.
>o que o Ar tem a ver com o todo e se inspirar tem a ver com a mente, o que respirar tem com a Mente?
> O Todo é feito do quê, e se o Ar é total, o que ele tem a ver com o Todo?
> O Ar é a Mente do Todo, e respirar, é armazenar a Mente do Todo?
>Respirar é acessar a Mente?
> O Todo é feito de Alma?
>Se o Ar é a Mente do Todo e o Todo é feito de Alma e a Alma é feita de Ar, respirar é Armazenar a Alma, respirar é armazenar-se na Alma?
> Respirar nesta Consciência é se integrar diretamente e armazenar, aqui, é entrar em contato direto. Num fluxo, respirar é estar em contato com a Substância que nos permeia inevitavelmente.   
> Dentro da casa, para o exercício de habitá-la, deve existir um corpo que pode ser mais Ar do que corpo.
> Meta para a consciência comer na cuia da criança:
SOU MAIS AR QUE CORPO!
  

Quando as cumeeiras de nosso céu se juntarem

Enfim minha casa terá um telhado.


Venho a quase um ano meditando nestes versos de Paul Éluard que abrem o capítulo destinado “a casa e o universo” do livro Poética do Espaço de Bachelard e, não me lembro de ter imaginado, um dia, estar pintando uma cumeeira. Só me deparei com o que estava fazendo, quando já estava na metade da intervenção no sarau da Nossa Casa( Espaço cultural "nossa Casa",  idealizado por Micheli Pedroso Prata, Marina Caires e Berimba de Jesus). Tenho estado nesta frase cotidianamente,  meditando nela e no que o tamanho tem a ver com a vida.

Frente ao aberto da cratera, a impressão côncava me diz que nada, o tamanho nada tem a ver com a vida.

 A natureza tem sim maneiras simples de nos surpreender: fazendo as coisas grandes.

 Mas a vida é causadora de formas, a forma é a habitação da vida. A Vida, causadora de formas, forma formas viventes.

Resolvendo os pequenos problemas, aprendemos a resolver os grandes. Não há nada insignificante.

Para botar ovos nos ninhos dos outros:

Do exercício de habitar, num germe de vida, é preciso viver para construir sua casa e não construir sua casa para viver.

 A sabedoria da lesma nos ajuda a construir a casa - fortaleza com a própria saliva.


Habitar é uma construção por dentro.

domingo, 5 de agosto de 2012

sexta-feira, 30 de março de 2012

PARA FAZER O MAPA DIAGRAMA DA EXPERIÊNCIA



(, aqui a virgula é o nascimento)

1.
Linha da partida – ida (depois>>>antes)
2.
Obstáculo interstício – argamassa (linha
pontilhada)
Aqui há uma ponte:
na lama, barreiro é um lugar redondo cavado
no chão e tem água dentro
3.
Classificar ferramentas (fazejamento)
4.
Classificar o que veio antes
(da faca, a mão – da água, a sede > o
mundo é meu apetite)
Sempre ver e dizer o que veio antes
5.
Eleger um antídoto entre o antes da ferramenta e
a pedra:
Educação
pela pedra – João Cabral de Melo Neto
6.
Classificar três obstáculos que nos impedem de
ver a argamassa
Ensaio para 3D – escultura >>>para
colocar a mão na pedra
7.
( Olho da vinda – da saudade(há a suspeita da
demissão deste olho)
8.
) Olho da ida – de voltar para casa
9.
,E (nascimento).
10.
Eu.
11.
Em.
12.
Nós.
13.
Classificar a ausência argamassa metal mente
(verificar asterísticos)
primeiras
fendas feridas na pedra e o que atravessa – coisas mínimas aqui e agora
14.
Classificar o estado da presença – verificar a
permanência - (primeira cena do filme "O sacrifício" de A.Tarkovsky) .
15.
Visão solar – ver a travessia e mirar à frente -
visível e onividente
olhar é um principio cósmico – holística: sol é
o deus total, o olho que tudo vê
(não se trata de peixe grande, trata-se
de pegar com a mão)
16.
Escrever depois que atravessa: fundar uma nação, um país no racho – na fenda
de seu exílio e conquistá-lo, habitá-lo, inventando sua própria língua e um idioma
para traduzi-lo
17.
Ouvir a ressonância, dizer as repercussões,
verificar as reverberâncias e reverberar











sábado, 17 de março de 2012

o coração é um cavalo correndo na beira do mar bravo
meu trabalho é fazer suas patas rimarem iguais e igualá-lo a espuma na areia da praia

manifesto no que fica
 no que perdura num andar acima

Manifesto a mulher que habito


...Eu cruzei doze cidades, sempre olhando as casas pelo lado de fora e espantado porque do rosto dos homens havia sumido o encanto. Foi só na última cidade que notei a mulher ao meu lado e vi que a mulher na mulher amava o exilado.
(E foi essa a única revelação que me nutriu.)

Segredo de um amor II, Juliano Garcia Pessanha

...

Maria,
quero caber todo em você.

Amor, Manuel de Barros


Precisamos ver de dentro.
Essa mulher que me nutre me veste e esquenta a água para banhar-me no mergulho, eu a vejo de fato, ainda consigo ver sua demência?

Não sou o mesmo de décadas atrás, mas é mentir dizer que o mesmo não está em mim.

Alguma coisa ativa, como o chão, me prende. Só não consigo ver quando me ausento numa “falta de ver”( nome real da ausência), numa doença antes dos olhos, que faz enxergar somente o que os olhos vêem e isso pode causar o fim de tudo.

Onde está a mulher que me prende?

Acho seu ponto de loucura, este desarranjo que me trouxe e vem me trazendo, este ponto que interessa e extrapola.

Eu te acesso, faz confundir-me, chamá-la de mãe. Mostra que poderíamos ter chegado onde chegamos sem metade do que nos importamos tanto e que literatura, não é nada mais que o nosso rosto – aquilo que diz o osso.

A mulher que idealizo, de nada serve se não igualar-se àquela que só participo, numa manobra de recepção(fora para dentro) e repouso, nunca o contrário. A contração e a projeção (dentro para fora) não passam de pretensões executáveis - manobras delicadas para o serviço de participar.

Acesso essa mulher que se deita ao meu lado, essa é a única pretensão sem pretensão - o acesso é nato e ultrapassa o que pretender significa.

Por isso, quando ler meus poemas – os que contam por contraírem em si a poesia – e sentir-se incorporado em algo benfazejo de fato, saiba que o que salvou não foi eu, foi esta mulher que me suporta e é ela quem escreve em mim. Dela tenho me nutrido e só assim consigo escrever o que vejo - como um animal comendo na cuia da criança. Não agradeça a mim, agradeça ao que sustenta.



Março, 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Apêndice> órgão para manifestar no que fica

É TORNAR VISÍVEL O INVISÍVEL


- cidade como tabuleiro
não existe não lugar

na morte do espaço: Aquilo é uma manifestação de vida
(a vida na morte do espaço)

pensar o interstício
o vazio que tudo contém (o som do On)

(Inversão do vazio)
)não dito(

esvaziar São Paulo como no Ataque do PCC

INTERDITO: meio dormindo/meio acordado - visitar esta fronteira >>>> o espaço no entre das coisas
O que está INTERDITO na 23 da Maio interditada as 18hs???
uma declaração de amor uma epifania uma miragem possível


Augusta com a Consolação, um comboio - deve ser alguém importante - polícia, sirenes param os quatro lados da avenida e todos, transeuntes e motoristas perplexos, mudos esperando o acontecimento por vir. Repentinamente surge a autoridade e tudo para de vez - sirene para, todos calados permanecem calados, ninguém anda para frente nem para trás, tudo para e resta um silêncio, uma fresta na cidade. Num segundo passa a autoridade e esse sopro calmo, como um devaneio desperto, se vai engolido pela cidade e seus barulhos, seus movimentos.
>>> viver isso, proporcionar isso só por um segundo.
V
V
V
V
V foi detectada a necessidade de um maestro V
V
V
V
Pensar/ousar esta maestria e causar na cidade do dia a dia
o que é fácil ter numa praia deserta ou “quando se está meditando".
( ioga as 14hs na Sta Efigênia/Giuseppe Ungaretti "A Alegria ")






Buscar essa presença, este lugar no espírito do agora
não em uma simples transcendência, sim em algo iminente.

Manifesto no que fica



(O mar é aqui)
para se realizar aqui onde estamos, o que é
fácil na beira duma cachoeira ou numa praia deserta.





Legiões correm em busca do mar e dizem que lá está o nosso lugar. E se esquecem que só passamos por ele.

Na hierarquia - coisa que só o deserto exige - quantos dias viveríamos sem beber e comer. Sem ar não existiria dias.

O ar é tanto que se tornou abjeto.

No mar está o outro, o encontro, a nostalgia do que fomos e o desejo de ver o grande, de ver grande. - Eis o abraço largo e sorrateiro da acídia que pode nos restringir e que pode nos impedir de verticalizar o horizonte e ver grande, ver o grande aqui e agora.

(Encosto a nuca nas costas, agora!)

Esquecer do mergulho inicial, o mergulho em que até o mar está incluído, é uma
corrida cega e uma nostalgia praiana que adia o mergulho num desejo de estar sempre à beira, sempre à beira que precede e adia o mergulho.

Neste mar, que até a catinga( coisa seca que não existe em nenhum outro lugar do mundo, só aqui) está submersa, se manifestaram todos os mares.

Desvendado os segredos da catinga, fica fácil o serviço de fazer o sertão virar mar.

MA R M A R AR A R M A R E T E R N O C È U AR D E

Manifesto o mar que fica, o mar é aqui.

E se somos água
viemos para refletir o céu.


Play na poesia

Sarau do burro


Dona Edite da Cooperifa

Cooperifa

Sarau do Binho

Vila Fundão - Fernando e seu filhão


Trabalho de disseminação do projeto “Play na Poesia”.
Fortificando e percorrendo os saraus pela cidade.
Muito obrigado à todos pela boa recepção do projeto, continuaremos percorrendo os extremos.

Acessem, publiquem e divulguem:


http://playnapoesia.com.br/blog/

CRIVO





Pra hora da fome e senti-lo de fato:
http://luisfelipequintal.blogspot.com.br/

http://angelacastelobranco.blogspot.com.br/

terça-feira, 13 de março de 2012

Writer diz que o mundo grita
range OPA!
e essa é a altura do esticar, esse é o som do alongamento

Pintamos, mas na verdade queremos derrubar
pixamos, mas na verdade queremos dizer
escalamos para não calar
para dizer alto e no alto das coisas achar o nosso volume

A terceira janela hoje é pouca, para nós é raso
subo mais, fácil, depois que peguei o jeito do gato
pois o que quero é verticalizar o horizonte
e isso quer em mim, numa utopia inconsciente

Mas na verdade só quero, por um momento, fazer as nucas encostarem as costas
e essa é a tradução de “bater a testa”
Writer desde sempre vem estendendo a infância borrando as paredes
só perguntando ao outro se ele acha esta pedra familiar

Agora detesta paredes, foi um engano que virou superstição
Agora tem em ruir
e mais que abrir janelas e pintar seus vultos,
prefere abrir buracos

E diz que não podemos decorar a argamassa

sábado, 10 de março de 2012

Drummond - Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos.

http://letras.terra.com.br/carlos-drummond-de-andrade/460650/

domingo, 4 de março de 2012

Escrevo na finalidade do fóssil

se um dia iremos,as samambaias não
elas resistirão entre as frestas

Imagino um livro meu entre as samambaias
ele transmitirá o meu osso

sábado, 3 de março de 2012

resposta à mandala




Sobre não se poder viver no limite de sua capacidade:

Tudo que podemos evitar devemos evitar.

Tudo que podemos fazer, devemos fazer por que podemos e se podemos fazer, é por que devemos.

Um surdo pode fazer tudo, menos ouvir.

Cervantes concluiu Dom Quixote numa prisão em Madrid, assim como Ungaretti escreveu seu livro de poemas “A alegria” no fronte de batalha. Quando Cervantes estava em vias de concluir sua obra, acabaram os recursos de papel e então começou a escrever no couro. Sabendo disso, um milionário espanhol quis lhe fornecer papel e o material necessário para concluir tal obra. Mas Cervantes recusou dizendo que o céu lhe proibia que se retirassem dele os fardos de que lhe eram necessários e que o que enriquece o mundo são tais situações adversas.

Maturana fala bonito quando fala que não vemos o mundo como ele é e sim vemos o mundo como somos.

Heidegger pensa na diferença entre o mundo e o planeta e que a obra de arte é o fruto de um combate entre planeta e mundo. Planeta é o que está, é o céu e a terra que sempre ai esteve incondicionalmente. E mundo é tudo quilo que de dentro (mundo-mente) projetamos do olho para fora entre a terra e o céu (planeta). Nessa interferência continua e inevitável, vemos que só assim uma obra de arte pode mudar o mundo e também que se o mundo acabar, o planeta persistirá com as samambaias crescendo entre as frestas.

O mundo é pequeno perto do planeta, mas um só existe no outro.

As situações adversas como a de Cervantes enriquecem o mundo (mente), e amplia o mundo. Se ampliar o mundo é ampliar a mente, e podemos executar este trabalho de aumentá-lo, devemos alargá-lo em sua potência e continuar o trabalho de emancipação. Se não executarmos o que devemos executar em seu limite, talvez o mundo não se estique o bastante e não se manifeste em sua totalidade.

Não sei por que devemos, mas se devemos, devemos aqueles que esticaram a possibilidade de mundo para nós, pois se necessitamos escrever hoje, temos em mãos, uma caneta para escrever. Devemos a essa herança ancestral. Devemos honrar isso, honrar essas pessoas que viveram no limite das adversidades e nesse limite viram que podiam esticá-lo.