terça-feira, 30 de setembro de 2014

jabur: força de deus
Campos: dos campos
Pastore: de pastor mesmo
e a lacuna que visito através da água de meu corpo
agradecendo a família verdadeira de minha mãe

Honro as demandas do futuro sem abandonar as do passado
amor e carinho em todos os atos dessa presença

 visitei um vizinho que me deu pistas para acessar esse quadrilátero:

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a Olhar.
Toda a paz da natureza sem gente
Vem sentar-se ao meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
e as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como u ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
è a minha maneira de estar sozinho



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

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Ele no meio da fala apontou os jovens na outra margem do rio e quando cerrei os olhos vi um pega pega acontecendo e isso me acalentou e na notícia da seca avistei a transição: consegui comemorar o aniversário do rio

daqui em diante vou escrever de vermelho a palavra CHOVE  nas ruas das cidades - sempre mantramas que vão no avesso da fala vigente

 pés d`agua bem perto e impressões de vida arraigadas ao organismo da cidade - pensamento eclusa:

deve existir cápsulas onde as células embarcam e desembarcam e se apertam num vagão para devenires constantes

é linda a visão da subida de um leito do rio para o outro

Ele estava ali prostrado vestido de preto tal como um abutre pastoreando o ser na observação das células que passavam por dentro da artéria citadina
A estada por segurança era só uma fachada - irá chover hoje: no fluxo da Sé se dizia o acontecimento de alguma coisa lá fora - não sabemos o que está fazendo alguma coisa que não sabemos o que é

dormi colado na  substância avistando ela antes de pegar no sono e digo que dormi e só dormi
dois relógios despertaram e entre um e outro acessei um estado de vigília onde tecia uma fala indescritível boa e grande
a arruda na orelha da sinais de uma outra economia: um dia toco

Aqui adentro a ventura escrevente de uma reconciliação que em sua torrente conspira e abafa os ruídos das toupeiras que cavam o terreno afim de um desmoronamento - de dentro da terra é impossível ter a visão do escombro: "nunca ficam para ver" traduz um pouco da palavra intelectual especializado que tem a voz e dita a verdade de uma distância oceânica

Ele passa manteiga no pão

farei objetos transicionais para esse processo de mudança - era da maturação: manutenção do mesmo e novidades mesmas para uma insondável época de mãos na terra - filosofia do homem simples e a demissão da cabeça pela admissão da cabaça:

Ana Maria desiste das notícias sensacionalistas e volta a dar apenas receitas caseiras
- o cogito global e o logos globalizante não valem para o pólen caminhar a semente -

visgo aqui a intempérie de um senhor apontando o dedo para Adão e Eva depois de serem expulsos do jardim e serem condenados a errarem sem pátria para todo sempre somente para dizer que nós fazemos vasos de barro e isso é a prova de que não estamos largados aí no mundo: errar aqui é um convite a cocriação: não uma forma de interpretar o mundo mas sim um martelo para forjá-lo
novamente não se trata de peixe grande e sim de pegá-lo com a mão

jogado pra fora do estrabismo existencial que só fita a clareira da perplexidade não posso negar a mão que balança o berço - todos os abutres e todas as serpentes eram fêmeas fecundas pelo vento

                            por isso bonecos de panos para um desenho de interior

cheguei antes das portas se abrirem e tive que costurar uma esperança na decifração das ferrugens disso que era metálico duro e talvez por isso tenha contraído uma animação similar à origem da palavra tétano em espasmos dolorosos para fugir de uma rigidez muscular que me levou à distúrbios neurológicos me fazendo cumprimentar e dizer boas palavras toda vez que via meu reflexo no espelho até aceitar este corpo como um barro que anda - todo barro que anda é santo
foi na diferença de minha vírgula na terra que aprendi a aceitar e amar que me fizeram acolher o céu nublado com tamanha facilidade: vamos dançar a gratidão de cada gota



                       por isso toda vez que perguntam como estou digo que chove

 







terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ao contrário de minha avó que acha que o santo percebe se a vela não é de sua parte, se chateando com isso, acendo a vela pela vela, e pelo fogo que, num fluxo e influxo  queima quem esta perto demais e atrai quem está longe – desintegração e aquecimento. Acendo a vela pela luz, para ascender a um revigoramento, para renovar o ambiente, atrair outros planos e assim acessar esses estados. Acender aqui é ascender, é Luz(s)trar  a couraça, 


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ato de Cosmicidade: "o que temos de planta"


verificamos em loco o arquétipo planta - homem - homem planta: agonia em estado de ser - sal, mercúrio, enxofre e éter.











                                   
                                   
                                     
























registro do ato de Cosmicidade,
Exposição Estudo de Cosmicidade: o que temos de planta
Glaria A7MA e Espaço Serralheria, 12.set.2014



muito obrigado Julia Buscapele e a todos os envolvidos nesse processo!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Poema

cruzada de pernas com mira

pixação em pedra sabão ou quartzo

por do sol nas grandes cidades

tsunami

coceira nas partes

porão e cumeeira no mesmo andar

porta de escola na hora da saída

boneco do posto

Reinversão

comer sem camiseta na mesa fixa e amiga a alma no corpo

faz muito bem comer com a mão

andar descalço no piso faz bem

chupar manga e beber leite depois é saudável

comer e tomar banho também

dormir com a cabeça sobre os braços da muita vida

entrar de pé direito ou esquerdo dá sorte
o importante é entrar

tomar gelado faz bem

comer terra também

lamber a colher e colocar no pote não estraga nada
azedo é gente chata

bicho papão não existe

cruzar gato preto da sorte

sair pra fora depois do banho faz bem
isso não é uma cabeça de leão é apenas uma mancha na altura do meu ombro quando eu tinha uns seis anos e as nuvens se amarram para torcerem-se e lavar o chão do quintal ao fim da tarde numa cena purificadora e já consigo antever e agora vejo que isso é e sempre foi uma constância e tem sido cada vez mais e maior nas páginas abertas a fim de dar conta da exposição íntima dos corpos que se reintegram e se unem na constelação sem sentidos e estes são abraços dados a cada movimento que é feito em direções possíveis e uma outra temperatura se faz nisso

estamos de mudança e algo se tece e apesar da tontura e do susto entro

habito a casa como nunca antes - uma clareza acessada e tocada nas cordas de um abandono: passei o dia colado e pulei fora de tudo que busca um lugar e um espaço me encolhendo amigado a tudo que é insignificante e minhas costas no chão seguiram a linha do horizonte e não há nada que me pegue e nada que eu me apegue e nem verdade que exista:

acordo nas coisas que concebi antes de fechar os olhos

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

lógicas da casa

comunidade:

a água corrompe o fogo

colmeia de abelha

casa de marimbondo

divisão da rocha
aquilo que gruta na cumeeira

zona mercúrio - o infinito no entre
frente a frente


encontro e batucadas - pano esticado
permeáveis
improviso e noções de criatividade

palavras para uma arquitetura embasada na imaginação

coletar todos os motivos de um poeta louco


hoje coloquei a cortina como se fizesse todas as coisas do mundo
ela se estendeu sobre as palavras que me acompanham desde a infância
pano bandô varão forro rodízio trilho tecido ilhós tule  linha dobra crivo

todas se encaixaram uma a uma na abertura da janela

Correio

a caixa ia para maria aparecida das unhas e eu para terra preta
só queria comprar selos postais para continuar enviando cartas aos devaneios de infância
não tinha nada com aquilo
a gagueira que envergou a visão e fez ver errado
isso me salvou várias vezes
essa errância ocular enxerga tudo de um modo extra terrestre
sem pretensão ela conspira e eu só cumpro

Anel viário

os brilhos das fitas penduradas e as sombras delas
talvez nem exista mais isso que vi
Giordano Bruno canta ao fundo os diagramas de uma celulose
mandala no peito dando conta disso que arrebata

Divisa

a maturação é um estado onde se é visto nela
e dela pode-se dar uma informação precisa:
disse ao motorista do caminhão de cimento
enquanto ele girava
como pegar o retorno
tirei todos os anos anteriores das costas
me recolhi com eles e me senti integrado

Mata fria

túnel: deste lado também terá montanhas
são braços que me tomam aéreo numa expressão digital
nuvens rajadas que migram para detrás da encosta sugerindo uma nova geografia
arquitetando este lugar onde tudo canta

Ladeira de terra

o dia em que fui minha terra natal e que a cidade foi meu corpo e meu corpo transcendeu toda cidade
o dia em que caminhei em meu corpo - este estado errante
o dia que anulei meu corpo nos corpos das cidades me anulando em todos os corpos da cidade e que nisso visitei minha terra natal: o dia que eu e meu corpo chagávamos antes e isso não foi terrível

Cantareira

no jogo não basta a briga
tem que ter um mamute de fundo imitando os momentos benfazejos de minha infância
é nesse contorno que habito os sussurros no pé do ouvido
isso constrói uma casa que num efluxo chama tudo pra dentro numa leveza granítica
o batente organiza a abertura

Refogado

a velhice nas feridas da pata de um cachorro que treme
e o céu pondo o sol dentro da beira da serra
camada ancestral no antes ainda
se eu pudesse eu te cantaria a fumaça que sobe do cigarro de palha

Metodologia do frente a frente

quando olho as pessoas é como se todas estivessem com um livro aberto nas mãos
leio as duas primeiras linhas tentando ser discreto para não ser percebido
até nos dividirmos e eu continuar sozinho