mendigo na rua
racho a palavra não por ela
nem pelo que tem dentro
nem pelo seu avesso
quando olho ela são tocos de madeira vermelhos
partidos de canto
por isso não servem na empreitada do centro
terça-feira, 22 de abril de 2014
a amarração trama uma onça tênue
e toda vez que ela vem venta na nuca
falaria da morte e dessas passagens
e do vão onde tudo passa
decifrando camada por camada
se acreditasse na linguagem e na literatura
roubaria o templo e catando cavaco
como quem crê no lugar
no corpo e no tempo
falaria do indizível
e toda vez que ela vem venta na nuca
falaria da morte e dessas passagens
e do vão onde tudo passa
decifrando camada por camada
se acreditasse na linguagem e na literatura
roubaria o templo e catando cavaco
como quem crê no lugar
no corpo e no tempo
falaria do indizível
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Orações para as memórias de futuro
reinvento a vida incessantemente e transmudo-me
transformo o temor em esperança
não temo em ser o único à saber onde estou
beijo o real e o exterior no olho e não enlouqueço
auto regulo-me
sem farsas ou efeitos
vivo num mundo totalmente imaginado
sem temer viver na via da vida
amo, isso assegura o valor que dou àquilo que passa
rente aos equívocos e mal entendidos, aceito a diferença: minha vírgula
revelo o exagero
prezo os fluxos
o que Deus esqueceu
eu lembro
mesmo que doa
co-crio oscilando a natureza com o paraíso
resgato e revelo
não adoro sim recordo
dou voz as irrupções
das multidões internas
aceito que isso é a voz
torno-me auto suficiente
pois creio a cada dia mais nas pessoas
compartilho as feridas
tenho compaixão por isso compartilho também o emplasto curativo
mas somente como emplasto curativo
se sou intangível não temo
sou por estar muito próximo
não fraudo a escrita
para falar de mim ou responder-me
direi que sou servo e amo
da mesma medida
não decaio dos meus devaneios de criança
e quando decaio os recrio
transformo o temor em esperança
não temo em ser o único à saber onde estou
beijo o real e o exterior no olho e não enlouqueço
auto regulo-me
sem farsas ou efeitos
vivo num mundo totalmente imaginado
sem temer viver na via da vida
amo, isso assegura o valor que dou àquilo que passa
rente aos equívocos e mal entendidos, aceito a diferença: minha vírgula
revelo o exagero
prezo os fluxos
o que Deus esqueceu
eu lembro
mesmo que doa
co-crio oscilando a natureza com o paraíso
resgato e revelo
não adoro sim recordo
dou voz as irrupções
das multidões internas
aceito que isso é a voz
torno-me auto suficiente
pois creio a cada dia mais nas pessoas
compartilho as feridas
tenho compaixão por isso compartilho também o emplasto curativo
mas somente como emplasto curativo
se sou intangível não temo
sou por estar muito próximo
não fraudo a escrita
para falar de mim ou responder-me
direi que sou servo e amo
da mesma medida
não decaio dos meus devaneios de criança
e quando decaio os recrio
quarta-feira, 9 de abril de 2014
relato de experiência
sabe aquele rato lá, o corredor,
ele entrou na minha casa pelo jardim, amassou todas as flores,
chegou numa língua estranha, mascando chicletes,
com GTA´s, video games, artes, saraus, palavras de ordem e umas manias estranhas que cativaram as crianças
fez sofrer todo o bairro
a sorte é que eu não tenho casta, nem uma poltrona confortável para sentar aos domingos,
nem grandes pretensões (essa ignorância inerente me salvou outra vez da ratoeira)
somente um barco que sobe montanha acima
vasos que se comunicam, el topos
e uma camisa aberta, daquelas que transitam
desconfio da pátria, mas amo o interior
é que não se trata de liberdade, mas manter-se em seu âmbito,
não se trata de um gozo, mas um permanecer gozando o vivo no vivo
lá no bairro me chamam de mantenedor
mas eu só deixo a cachoeira desaguar suas águas
ele entrou na minha casa pelo jardim, amassou todas as flores,
chegou numa língua estranha, mascando chicletes,
com GTA´s, video games, artes, saraus, palavras de ordem e umas manias estranhas que cativaram as crianças
fez sofrer todo o bairro
a sorte é que eu não tenho casta, nem uma poltrona confortável para sentar aos domingos,
nem grandes pretensões (essa ignorância inerente me salvou outra vez da ratoeira)
somente um barco que sobe montanha acima
vasos que se comunicam, el topos
e uma camisa aberta, daquelas que transitam
desconfio da pátria, mas amo o interior
é que não se trata de liberdade, mas manter-se em seu âmbito,
não se trata de um gozo, mas um permanecer gozando o vivo no vivo
lá no bairro me chamam de mantenedor
mas eu só deixo a cachoeira desaguar suas águas
Simão e Juka
- sim, tem gente mirando pra fora, atirando pros lados
é que eu nunca atirei com quadrada, só com boca, gostava de ver girar o tambor
- mas enquanto eles fincam o cerco politicamente com policiamento eficaz e aplausos no fim de cada poema?
- ah, num sei ,mas literatura é uma pré-ocupação- um asco primeiro desde a fila do hino na escola quando resolviam inovar.
-sabe, o agora não permite nada diferente de atirar para os lados e mirar pra fora.
-sei, tem aquele riosinho que vai até a canela e temos que atravessar toda vez de olhos fechados, mas não até a outra margem, depois ainda, pois os olhos fechados falam com a palavra primeira.
é que eu nunca atirei com quadrada, só com boca, gostava de ver girar o tambor
- mas enquanto eles fincam o cerco politicamente com policiamento eficaz e aplausos no fim de cada poema?
- ah, num sei ,mas literatura é uma pré-ocupação- um asco primeiro desde a fila do hino na escola quando resolviam inovar.
-sabe, o agora não permite nada diferente de atirar para os lados e mirar pra fora.
-sei, tem aquele riosinho que vai até a canela e temos que atravessar toda vez de olhos fechados, mas não até a outra margem, depois ainda, pois os olhos fechados falam com a palavra primeira.
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