segunda-feira, 21 de julho de 2014

quando o topo está achatado levando todas as bacias do mundo
deixo as cordas falarem e junto as crianças
e a mãe nos carrega no colo descascando todas as frutas

suspenso sento  para saber e ler no fogo o que nele se diz:

quem pergunta não chama

Magnetismo triângular

revisitei um lugar de intimidade









mesmo que lancem dados pelas minhas vestes
nada atinge meu corpo
templo sagrado

algo grande acontece, sinto
ouço que chamam por mim
não conto esta soma que transpassa

pois onde tudo é ganho 
não se trata de atravessamentos

...


posso anular as leis cósmicas que a dona dos gatos lançou sobre mim
assim como reinvento a gênesis e a cada memória que apago imagino um corpo

ele é o que pode ser reinventado como as silhuetas da cidade
aqui anulo o DNA e sou antes desta engenharia

bebo na água mais clara da presença


para verificar as esferas, escutar a casa e aceitar o ermitão






estirado num lugar qualquer
menosprezando todos os chamados
brutalizando as jóias de minha casa
fui um muro áspero onde ninguém quer encostar
nem as ervas daninhas como pragas se achegavam

entre todos os oceanos a serem vistos
eu olhava para as águas de uma bacia
ao invés de enxurradas garoas finas

ignorei as montanhas colado nos montículos formados pelas formigas
e eles me diziam: não se torture nas coisas pequenas
sê vasto e límpido como o céu


inversão antidoto para que a escrita sirva salto e veste


ereto feito cedro de  um lugar qualquer
atendo ao chamado
lustro todas as jóias de minha casa
e pulo todos os muros

buraco e cuia que vê a água de uma bacia
 e enxerga todos os oceanos
enxurrada que banha todos os rostos
verão numa rua num ponto extremo de guarulhos

admiro os montículos das formigas e agradeço
mas colo nas montanhas e ouço os cimos que me dizem:

sou vasto e límpido como o céu













estou marcado nascido duas vezes emergido da confrontação com a morte que me desdobrou separando-me e escolhendo-me no vislumbramento que se dobra na testa e tempera as águas compensadoras de unidade e cura

 gritos que desataram minhas vozes

quanto vale a palavra e de onde ela vem se o poema não passa de uma trepanação

quarta-feira, 2 de julho de 2014

MANTRAMAS

inscrever mantras, luminescências na trama da cidade 






romantismo + conspiração

nosso destino é virar luz

explosão vista em cada noite na dobra de cada esquina que beija onde deus é visto e os mendigos dormem

talvez já acendemos uma lua

para uma estrela não passamos de estrela

o lampião aceso na casa é a glândula pineal do arado:
vista de cima é a cidade que queima e é meu olho que reconta a minha vida
-solidão das últimas carteiras até os poemas - um pra sempre tonho
pra dentro um pra sempre teço o ligamento na baba desse astrolábio

agradecendo a cada caroço massageio a mão da criança
e ela dorme naquilo que nunca dorme

existe um estado bem perto
sem nome de tão dentro

quando me junto migro pra ele
ilha e o oceano aberto de fundo
nada exclui o continente

sou uma cratera onde jorra

Sersendo o guardião



Andar mais lento na incorporação do imago e vestir a roupa vestir a aura mudar o semblante - ser aquilo que se é - sou o guardião ( trago o que trago do livro na fome, conhecimento daquilo que me amiguei e transmissor = fiz meu papel na arte - embodied) 

ter me segurado - das 18 ás 22, quatro horas Sersendo guardião e permanecer sem ser o Pastore - vesti o guardião e permaneci ( me senti mal de ter pedido aquele líquido verde que todos bebiam pela boca e depois disso saíam rindo - o atendente zen havia me avisado que aquilo era uma ilusão e eu, insisti: ouço o entorno)

Silêncio - só falei com quem falava comigo treinando a lição argentina de que "quem diz que sabe não sabe e quem sabe não diz" - encarnei isso e encarnei o Writer: Writer é o guardião de um chamado, de um estado 
( revisitei isso em mim)

fui o centro das atenções (desde o fervo da copa até quem estava ali de verdade) me sentindo exposto: umbigo aberto na carne de poros à receber - ressaca psíquica, moral e etérea no dia seguinte: não resisti ao Pastore ( aquela foto de sempre no quadro de avisos, figura carimbada) ganja e aquele líquido fermentando a abertura: recebi tudo que vinha: opala classe a na Dr Arnaldo arrastado por um caminhão de lixo até em cima de uma arvorezinha - pé d´agua e pau de enxurrada no risco do vaishnava ( a encruzilhada do artista x o filósofo foi verificada)

revisitei o tonho - guardião de sempre, guardião do sempre-: 
aquele menino que, sentado no fundo da sala sem ser olhado por todos, sabia
não daquelas contas, daqueles verbos, mas sim de outras contas e outros verbos. revisitei:
a solidão daquele que sabe, mas sabe no fundo, preocupado com outra mãe  -  buraco da janela, outra gramática esticando a língua nas carteiras, até o próximo -, com o debate do arbusto com a abelha - aritmética da possa e a geometria da cor que voa : barro/Brow/bairro:

"a rua me atraia mais do que a escola"  

(O curioso caso de Benjamin Button   X  O ovo núcleo de Clarice):

revisitei um lugar sim, mas mais que um lugar, revisitei um Estado.

fui batizado na represa

Roça e reza: 
permaneço nesse estado

tudo está dentro


foto: Tché