terça-feira, 25 de janeiro de 2011

no caminho lembrei da partida
 horizonte sem pausa
 vaga do mundo
é aí que estou

sempre parente
nesta viagem tenho uma asa só
lágrimas difíceis de rolar
encarnam e desenham por dentro
 mensagem seca que transito
 fenda que abri no mundo
 agruras da terra que me propus

me é desconhecido e se mostra familiar
esta escolha me parte e me carrega
essa angustia reina
este quarto vazio
grato

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

a postura mental com que pratico meus ofícios contribuem naturalmente para consolidação do meu caráter, fazendo com que a totalidade da vida fique equilibrada.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um excesso de infância é um germe de poema. Bachelard "poética do devaneio"

Verbo em fogo. Direi o que foi minha infância
Desaninhávamos a lua no fundo dos bosques


Zombaríamos de um pai ou de um amante que por amor ao seu filho ou a sua amada fosse “apanhar a lua”. Mas o poeta não recua diante desse gesto cósmico. Ele sabe, em sua ardente memória, que esse é um gesto de infância. A criança sabe que a lua, esse grande pássaro louro, tem seu ninho nalguma parte da floresta.
Assim, as imagens da infância, imagens que uma criança pode fazer, imagens que um poeta nos diz que uma criança fez, são para nós manifestações da grande infância permanente. São imagens da solidão. Falam da continuidade dos devaneios da grande infância e dos devaneios de poeta.


reúno todos os seres na unidade do meu nome
ano após ano pareço comigo
desço e desembaraço-me e sei seu preço quando a paz me deixa

reencontro observando os telhados vizinhos
a serra
meu canto
daqui me sinto filho
um escopro fundo
evoquei a força infinita através das palavras
como o carvalho que toca o céu



frente essa parede vermelha
provo se sou ouro ou chumbo

domingo, 9 de janeiro de 2011



Deus fez um espírito livre
um galho seco no chão
um caminhar até encontrar a morada
e uma busca da idéia primeira

o que faço é manter
permanecer esta porta aberta no peito
uma memória de infância
um louco de braços inteiros
uma ingenuidade e um acolhimento
evocado pelos nós dos meus dedos contra a mesa