domingo, 29 de maio de 2016

domingo, 15 de maio de 2016

Paulo de Campos 80

sexta-feira, 13 de maio de 2016

quinta-feira, 12 de maio de 2016



Ao invés de expressão um furgão velho
germes na base de uma planta
a terrível relação entre seres
o talo renovado da língua
a ferrugem e o excesso que sabe inventar-se
cachorros latindo a alta imunidade da noite  
o fogo honrando os pés gelados no piso
a poeira do vazio oposta ao vazio
mugro vencendo a polidez
a invencível meteorização acontecendo agora
e o agora acontecendo na meteorização
carne violada
audácia caleidoscópica
o inacreditável ao invés da verdade
o signo cósmico do incêndio
ser de fronteira  e não humano
ao invés de um mundo poemático de imagens
a descida no próprio mistério
na ramificação sem término e nem futuro
o contrário de beleza
massa abrupta concentrada na explosão oculta que é o espaço afetivo
versus a sedução do universo
amiúdes
não entendimento sim e o que foge
 telepatia ao Invés de falar feito galinha cacarejando
o silêncio introduzido no fazer coisas e não falar coisas
o que é a amizade
a androgenia e o nível de ser não manifestado
anterior à lembrança uterina
ou seja
ao invés de umbigo um cú
 e uma criança
 feto imaginário que condena as faculdades e a percepção
chave diversa de si
o repouso oscilante oposto à moral de escravos
o tempo que não escorre e sim esguicha
fruta nascida a pouco
mãe que sugou para si as águas do entorno
o para vento
começo absoluto e as construções de abismos que alicerçam o real
relógio interno que em si abarca as dimensões de todos os relógios
o rugido dos animais e o revoar dos pássaros que ditam as horas sem relógio
ao invés das horas o ser que em nós sonhou as horas e os relógios
núcleo ancestral
torrente que se divide e volta a reunir-se incessantemente
ao invés da precisão do universo
a via onde ele passa
o visgo da vida
 ao invés dos trilhos só os rodízios
a saturação de tudo que é tacito à fronte dos olhos

ENTROPIA


Atmosférica



Uma voz foi arraigada ao corpo inoculada antes da epiderme como se fosse o nosso principal agente orgânico. Para ouvir o inato anterior a isso foi preciso silenciar. O coração era um surdo invertido que tocava lento e fora do tempo do outro lado do oceano, numa pátria desconhecida. Tratava-se de silenciar o corpo e o mar que arrebentavam juntos na beira da praia, até conseguir ouvir o som do que soava inaudível. Nisso surgiram os espaços de crelazer onde o para nada pode acolher a sinceridade de nossos devaneios sem querer, repletos somente de apetite. Foi preciso deixar emergir estas imagens que uma a uma iam saltando acima de nossos pensamentos e só assim conseguimos sossegar a casca desta voz que cegamente só queria e queria.   
a suposta voz assassina sussurra com o cachorro que uivava a pouco
                                        na ladeira da rua Bahia
                                                                       vale a pena dizer
           somos amados pela forma como saímos da angústia : a arte, os presentes e a marcenaria parecem exigir graça em estar aqui

a forma como você me capta
diz-me
é  o uivo do cachorro que te fez vibrar antes
e o amor tem muito mais a ver com isso do que com as coisas escritas,
                                                                                                                 o fazer e o martelar
                                                                                                 
e aquela menina sacudindo os braços na estrada de Itapecerica

é a imagem de como ela sai desta cachoeira que quando venta
parece ventar ao contrário
apesar da tara caótica
uma ordem teima e se instaura
e duas respostas russas para asas:

1-      Hoje vieste, e o dia pôs-se
Soturno , de cumbo,
E chovia, fazendo-se tarde,
Com gotículas na ramagem fria

Não pode a palavra mitigar, nem o lenço devolver pureza

2-      Íamos, sem saber para onde,
Perseguidos por miragens de cidades
Derrotadas construídas no milagre,
Hortelã pimenta aos nossos pés
As aves acompanhando-nos o voo,
E no rio os peixes à procura da nascente
O céu, a nós se abrindo.


Por que o destino seguia-nos o rastro feito um louco com uma navalha na mão

perguntas de escravo




fixado ao lugar da origem, perto de sua fonte, os fatos se abrem referentes ao espaço. leque ou o ponto de espoque. o it que se desnadifica coisificando a realidade. É uma girada em torno do núcleo como planta que concentra a infinição no talo. 

Diário de borda




as válvulas sem semântica nem sintaxe que só se abrem
e essas aberturas poderiam explicar as rezas de todo um povo
mas não é disso que se trata
é mais próxima a quentura do sol nas costas
ou a teoria de que já temos luz própria e que somos uma estrela

pois é mais rente uma combustão sem freio do que qualquer tentativa de preenchimento