menino brincando com ossos na praia
primeira aparição antes da despedida
canto de flauta
na mão do palhaço
aceito ouvir aquilo que range dentro de seu grito
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
mais do Guia de sobrevivência
água: matriz
universal; primordial para a fusão aérea; mais água que a água do mar e a da
pia; ocupação de poeta que comunica e a faz ferver junto á chama do seu templo.
Frevo: filosofia
que toma a imaginação como conhecimento e reconhece o vapor da fusão aérea
entre fogo e água; quando animus e anima copulam e a cabeça ferve;
consubstancialidade.
Energia: delícia
eterna; limpar de erros os livros e escrever inocência onde se lia pecado,
liberdade onde estava escrito autoridade; instante onde se grava a eternidade;
potência; asa do homem, onde ele se faz livre – desejo e imaginação; quando o
céu esta ao alcance de nossas mãos e se chama fruta, flor, nuvem, mulher, ato;
quando a eternidade se enamora das obras do tempo, a poesia é reino e o poeta
volta a ser vate; quando o vaticínio proclama a fundação de uma cidade cuja
primeira pedra é a palavra; quando a poesia entra em ação liberta da palavra
artista e da utopia objetiva dos filósofos, agindo sem pretensão, agindo sem
agir; práxis – caminho do meio; poética.
Poema:desígnio,
registro diário; fragmento; perde quando só diz da realidade; pensamento reto e audaz; substância
impressionante; pedaço de pedra estelar que estão gravados a analogia
universal, superando esta condição - sendo; correspondências que enlaçam o
homem com o cosmo; busca de uma idade perdida; a ressurreição do poeta como
andante, namorado e vidente; astro de
muitas facetas; regresso a algo novo, de sempre – vácuo entre a nostalgia e o
pressentimento; escritos de uma religião da noite; hinos que fazem nascer o dia
– superação da morte;paraíso artificial(hoje, deve ser mais forte que o crack);
antídoto e poção; fagulha do paraíso - para realizá-lo aqui agora;
transfiguração; monstro; asa; mostra do inominável que nos rodeia; respiração;
epifania;energia; potência que nos livra de nossa mente.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
todas as deidades residem em nós
não me importo com virtudes morais
ajo por impulso e não por regras
sou destinto do pecado original
minha tia energisava pedras e cristais
agora energiso palavras
para que volte aos meus filhos e a minha casa
todas as noites sem falta
e que honre meus ancestrais
se não faço o que quero
faço o que devo
não me importo com virtudes morais
ajo por impulso e não por regras
sou destinto do pecado original
minha tia energisava pedras e cristais
agora energiso palavras
para que volte aos meus filhos e a minha casa
todas as noites sem falta
e que honre meus ancestrais
se não faço o que quero
faço o que devo
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Do guia de sobrevivência
Pintura: sempre um desafio que te tire de seu lugar; massa;
espessuras que exponham em si o excesso - mostrar a gravidade e a densidão da
vida a cada pincelada gorda numa expressão consciente disso;fazer cercado de
crianças aumenta a dificuldade – estar na dificuldade e permanecer na
serenidade de um monge; lugar de conversa com entidades antigas, acesso ao DNA(
líquidos humanos), manutenção da fenda ancestral – pincel zero=pincel rezo;
Terapia relacional, livro-espelho da cara; ferramenta para melhorar como ser;
comunicação estrangeira; se mostra como a natureza; sempre grande ou minúscula; matéria em si que em si fala - quando a imagem é nova
o mundo é novo; política; é poema e deve funcionar como tal e, como o poema, o
fim de uma pintura é o início de outra;pintura social – pensar, ver e resolver
a vida como se resolve a pintura, no mesmo âmbito e gozo; tudo é pintura; não
lavar os pincéis, pois a pintura nunca acaba.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Palavra: a única
curva que pode fazer é a de quando bate no côncavo e reverbera, lá no fundo e
volta(suspeita-se de que isso seja uma curva). Seta reta de fogo, manifesta: falei
do copo d’agua, ele vibra. Manifestação, faca da mente: se faz na boca.
A boca é a casa da língua, por isso dois olhos e duas orelhas.
Borramento: palavra
de pesquisa, encontro capilar, amalgama – quando a trama se faz visível – e a
comunidade se faz aqui agora numa fagulha de paraíso terrestre. Postura,
costura urbana; o aberto em sua forma.
Licença poética:
licença normal para trabalhar, coisa de camelô, ladrão. Trabalho
imprescindível na cidade. Liberdade de escambo, trabalhar livre, sem culpas
morais. Aqui, a cada furto, golpe e lançamento, agradecer verbalmente as
entidades envolvidas na manobra. PS: sem culpa, romper com a maré das citações.
Desenho: Mostrar
o invisível, facilitação gráfica, expor uma alternativa até ser; incorporação, ascese;
mostrar o que te afeta. Expressão do que fica entre a nostalgia e o
pressentimento; traço, linha, registro, gratidão ao que se mostra; expressão do
idioma íntimo do destino de quem desenha - desígnio.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Pariptético:
Amigo, já ouviu falar
em organização pessoal, espiritual, financeira e pessoal, essas coisas?
-Eu não posso ter organização, sou um artista!
- É que quando você fala esta palavra, sua boca e seu peito mostram a inflação de seu ego.
Por isso amigo, ser sustentáculo e antena, exige certa organização, pois se trata de um trabalho capilar, entrelaçado e, ver e dizer deste crivo exige, além de disciplina, permanência e constância, também a demissão do eu que se dissolve em meio a esta trama que se mostra. Amigo, se dar a estes atos de doação disciplinar, doutrina e organização pessoal, em prol, num ato semelhante ao de um Vaishnava, e transmitir para os outros o diálogo entre os mundos, exige muito respeito, coragem, disposição e aceitação. Este trabalho para os outros, não aceita tropeços, uma queda pode causar a dispersão.
-Eu não posso ter organização, sou um artista!
- É que quando você fala esta palavra, sua boca e seu peito mostram a inflação de seu ego.
-Eu tenho orgulho.
-A palavra eu hoje é questionada, amigo, como uma palavra
que apresenta algo muito impreciso, perecível e, hoje em dia desconfiamos com
todas as forças de atitudes que partam somente dela. Ela diz de um modo
restrito e imparcial, representando o oposto ao tão almejado caminho do meio. Ela
desvirtua amigo.
Percebo quando capengas em tuas atividades e tropeça
constantemente em seu ego, que é tal como um rabo que fica quando passa entre
as portas que se abrem.
Os artistas - principalmente os que se avizinham dos poetas –
carregam, assim como eles e os profetas, xamãs, pajés e os oráculos místicos, a
missão de segurar, como pilares, a queda do mundo superior sob o inferior, o
que causaria a destruição do nosso mundo intermediário.Por isso amigo, ser sustentáculo e antena, exige certa organização, pois se trata de um trabalho capilar, entrelaçado e, ver e dizer deste crivo exige, além de disciplina, permanência e constância, também a demissão do eu que se dissolve em meio a esta trama que se mostra. Amigo, se dar a estes atos de doação disciplinar, doutrina e organização pessoal, em prol, num ato semelhante ao de um Vaishnava, e transmitir para os outros o diálogo entre os mundos, exige muito respeito, coragem, disposição e aceitação. Este trabalho para os outros, não aceita tropeços, uma queda pode causar a dispersão.
Sei que não quer isso amigo, por isso te digo, pois sei que
quando diz “eu não preciso me organizar, por que eu sou artista”, é um eu
pequeno e inflacionário que fala, um eu “descolado”, que pensa somente em si numa
carreira de sucesso. No seu medo de ser medíocre, adquire complexos (de Picasso:
promiscuo, artista de ateliê, acorda meio dia, transa pinta três quadros e
volta a dormir; e de van Gogh: artista doidão, rejeitado e mal compreendido por
todos, postura inviável nos dias de hoje, pois as raves e a cracolândia está
cheia deles, arranca a orelha para não ouvir nada e nem ninguém) espelhando-se
em artistas bem sucedidos, para a emancipação do seu eu.
Este trabalho de se debater, catar cavaco e cavar a duras
penas um “espaço”, te faz esquecer que seu trabalho é intermediário – mostrar o
desconhecido para os outros – e que este para os outros pode acontecer em todos
os momentos de sua vida, até nos médios. Às vezes, seu medo de ser medíocre – que
aparece na sua ânsia de ser Rimbaud: o além da média – lhe priva de potencializar
todos os momentos da vida, vivendo-os de forma ausente à espera que a arte
aconteça. Seu trabalho é para os outros
e realizá-lo, talvez fosse trazer este momento “onde a arte acontece“ para
todos os momentos de sua vida, tornando-os potentes, com as pessoas a sua
volta, ampliando o âmbito das experiências graves e produtivas. Deves juntar
sua fala ao corpo.
Depois da fala, um silêncio tomado, as palavras
são engolidas a seco na fresta da frase que permanece na ação sem agir, diz sem
nada dizer. Na casa ao lado o vizinho trabalha a infância, recebe entidades e
germes de criança.
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