sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

LIVRO DE HORAS

Eu concordo frente o mar bravio
sou a beira
salto sem ceder a nada
sou antes

...

Arrepiar nucas
encher os olhos de lago
fazer soprar a voz do excesso

nisso consisto

...


Aqui onde o diálogo é possível
respiro como um barco no mar calmo


...


Sentado no quintal
no por que das coisas
numa oração na mão
me escorre uma lagrima
uma língua me assenta
circulo tão preciso no que digo
no que me diz

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

nada me espanta mais
pois tudo me espanta
num mote

me fiz fibra
#
Diriam fácil:

“Talvez um pouco de vida
Talvez por isso tão temida”

Temer a vida é grave, o poeta não teme a vida, pelo contrário, ele é a pessoa que atrai a vida para si, para assim mostrar desse chamamento para os outros.
Um poeta é a nascente da vida, se existe a vida, o poeta é a pedra que está ao redor dessa nascente, ele participa do início do rio:

O poeta sabe que a felicidade é um músculo

Sabe que deve deixar-se levar pela força de toda força viva

E refletir em tudo como um espelho vazio

E isso deve ser proposto por ele, para que todos naveguem, uns na correnteza e outros contra ela rumo à nascente.
Aí cabe lembrar-se de algumas palavras:

Empreender, audácia, braço, vontade e missão.

Será que o poeta deve transformar todos que descem a corredeira em poetas?

Será que deve chamar todos do bote para fazer uso de palavras que façam remar na direção contrária da correnteza, rumo à nascente?

O artista é um homem que contem estas palavras e rema rumo à nascente sugerida, guiado por esta pedra lateral?


Trago em mim uma pergunta imbecil, um ato ingênuo, que só uma pedra lateral pode cometer: quem não é poeta?
#
Quem reclama da vida jamais pode ser um poeta
o poeta clama e exclama, sabe que assim materializa no tempo e espaço, sabe que assim, materializa-se no tempo espaço.

A denuncia foca nos problemas (psis e assistentes sociais, dariam suas economias para interiorizar isso), quando sugere, sugere poucas alternativas, pouca religiosidade(no sentido de religar-se – convite para remar contra a correnteza do rio).

Um poeta que é contra a TV, jamais pode citar a TV, ele em suas palavras, deve ignorá-la e assim faze-la inexistente.

– sabemos que damos existência àquilo que percebemos e, animamos o que percebemos, quando falamos/tocamos (palavra = vida – ditado que deve ser lembrado: falar da vida aumenta a vida). O contrário deve acontecer com o que queremos ignorar e fazer inexistente. Fazer existente o que está abjeto, é óbvio que é o nosso trabalho, mas não podemos esquecer do exercício contrário que também deve fazer parte - se queremos acabar com certas coisas - do nosso ofício.

o mínimo:
CUIDAR DO VENTO QUE VENTA DA MINHA BOCA

O poeta deve transcender a realidade vigente (dado) e trazendo do que imagina/vê, através da evocação das palavras, a mudança da realidade. O poeta deve propor isso, com a mesma facilidade que respira no baixo ventre, recebendo o cosmos , pois isso deve ser levado para sua vida antes que para a vida do poema, o poema deve ser a tradução intima disso, tem que ser o relato desta experiência.

(muita atenção para: através da evocação das palavras e, para redobrá-la, vale lembrar novamente Giordano Bruno em seu “tratado da magia”: “Acrescentemos ainda que é assaz verossímil que todas as doenças sejam maus demônios: pode-se então, através do canto, da oração, da contemplação e do êxtase, expulsá-los da alma - ou, através de práticas contrárias, convocá-los")

Em suma, nada aflige o poeta, ele está acima de mudanças materiais, ele é a figura do ser contente, no bojo do contentamento, o resto é conseqüência disso, na calma de ser, de ser com calma. ( Nos por menores da palavra calma. Sinta-se à vontade para cometer esse desdobramento – se tu podes é claro )

PS: a agressividade é contida em todas as coisas – plantas, animais, ar e até em nosso nascimento – por isso não devemos provocar (e sermos redundantes) um estado que é natural. O poeta sabe que participa, que veio ao mundo sem esforço próprio e assim age, só interagindo.

– o poeta jamais sugere algo se ele não está dentro dele.
Afirmando, escrevendo de modo afirmativo, o poeta se vê incorporado em suas palavras

O poeta é um passo a mais, enxerga o que ninguém vê, vai onde ninguém foi – em Hilda Hilst, mais que seus livros, me interessa muito, suas gravações de diálogos com outros planos do além, me interessa o que Hilda traz de Marduk , seu desejo de construir em suas terras, o “centro de estudos da imortalidade”(pesquiso)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011





Eu perdia a música vinda
ouvindo um saco de gatos miando
enquanto eu pensava Deus ria

todas as perguntas se tornam fúteis
no estado onde me encontro

domingo, 23 de outubro de 2011

#
O futuro é sempre imediato.

Num caderno de poemas, ou num livro de horas, devemos, nós poetas, evitar o redundante.

No caso, poderia eu escrever “futuro imediato”,

Não! só existe futuro!

E muitas vezes, por séculos, tivemos que manter a rima, mas pensemos nesta falsa obrigação.

Mas hoje, nem o rap nos prende a isso, voamos como a música, não existe o poeta e a música, o poeta e o canto, só existe a música, só existe o canto.

Ângela Castelo Branco: a censura jamais deverá ser maior que a música.

OBS: na sessão de apócrifos, não esqueça que é o que vinga, é participar, aí é vida.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

na noite uma rua entra dentro da outra
rente ao ouvido tudo se emparelha à uma pretensão
uma responsabilidade que interroga lambe arranha e plaina todas as palavras

testemunho o nascimento do rio

sábado, 15 de outubro de 2011

Devemos evitar poemas que dizem da casca.

O poeta integrado toma atenção de tudo que pensa
fala da mente:

ex. : percebi uma ligação
Pensou = pediu
Falou = concretizou

Tzara – o pensamento se faz na boca

Meu xará Giordano:
Há uma continuidade entre as idéias, as palavras, os símbolos e as coisas concretas, os objetos e as substâncias e os seres vivos. O mundo das palavras não é para esta forma de pensar, descontínuo com o mundo das coisas; havendo comunicação entre um e outro ter-se-á forçosamente de admitir a possibilidade de através das palavras se provocarem alterações no mundo físico. Caso contrário, não se poderia com uma palavra interromper uma tempestade, ou com dois nomes escritos no papel um contra o outro fazer separar duas pessoas que se amam. Antes de operar tais efeitos, porém, é preciso observar a natureza e conhecer em pormenor as leis que regem o movimento das coisas, como a atração e a repulsão de vários fenômenos.

#

EU marginalia, cometo alguns crimes médios, em alguns fichamentos que miram o cimo - palavra que o polimento não reconhece:

Observo a natureza e seus movimentos

- Aberto aos flagrantes do tempo, o paraíso demite as horas e é sem interrupção.

(duvidar)

Evitar a palavra poema, pois se o poema voltasse a sua origem(função original) ele seria:

relato

Visão

Experiência

Registro

Desígnio

Sem “quem dera”, o poeta sugere afirmando (a Firma, firma)

Ex: extress não existe,

o poeta supera e propõe uma visão, um delírio, uma miragem – CASA DE HABITAR – constrói uma morada em construção para si e para os outros. (cuidado: quando a artesania vira madura e perde o susto, o maquinal vence =– > da terapia das horas em sua ranhura)

Nosso tamanho: presencio fenômenos mínimos

Árido dia, de Luciana Tonelli:

Concentro.
Retenho.
Respiro este dia.
Seguro o alento.
Agüento.

>>>>>>>>>>>>>>linda união com o cosmo, união/relato que nos faz viver sem infortúnios (agüento) agüentar é controlar o foco da lente objetiva.
O poeta deve propor esse tipo de fotografia, contemplar a saúde do ser, assim, nesse estado de contemplação contínua, estando nele, propor aos que lhe consultam, estratégias para chegar nesse estado, numa saúde do/de ser e, nessa inversão, ir oposto aos noticiários, as revistas e aos blogs de informação,

(in-formação, soa oposto de formação)

- sabe-se que ler um poema é o oposto de ser informado

Presencio fenômenos mínimos: Meteoro é um resíduo que entrou na respiração da terra!

Na atmosfera, entre a nostalgia e o pressentimento, sobre a arte da memória:
Um dos elementos fundamentais da arte da memória é a noção de que a memória funciona de forma espacial.

Eu que vi que tudo é água, que ouvi que o inconsciente vasa na atmosfera, pergunto, se isso só acontece com a arte de memorizar?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

a felicidade é um músculo

como areia escorrendo entre os dedos

com um legado

leio além do que existe como impressão

- posso entender, um dia, isso de outra maneira –

mas sei que existe um lugar

e nesse além me leio

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

em um outro Bruno

"Acrescentemos ainda que é assaz verossímil que todas as doenças sejam maus demônios: pode-se então, através do canto, da oração, da contemplação e do êxtase, expulsá-los da alma - ou, através de práticas contrárias, convocá-los".

Giordano Bruno em "Tratado da magia".

domingo, 9 de outubro de 2011

medicinal do dia - como abrir uma janela de manhã

isento de pecado e das vocações

roubo ameixa do vizinho

tenho pêra doce em casa

muquio a bola debaixo do paletó

prefiro unicórnios ao invés de cavalo manso

aqueço todas as entidades

não resisto ao destino da alma

não me aflijo com mudanças materiais

sou livre da minha mente



vivo numa casa que se impõe como ser

casa de janelas altas que vem dos sentidos ao espírito

e tudo respira leve

se percebe dentro

num pertencimento que caminha sutil

e não pipoco

sou presença

sábado, 8 de outubro de 2011

Num caminhar com um amigo de infância, cruzamos a cidade e fomos parar nos desenhos que eu fazia nas carteiras da escola. Segundo esse meu amigo – que sabe de mim, coisas que distraído esqueço – eu fazia esses desenhos em tudo que aparecia na minha mão. Sempre fui aficionado por favelas e sua diagramação no espaço. Isso se agravava em meu inconsciente e transbordava em desenhos distraídos – quando falava ao telefone, enquanto conversava com alguém – e também em desenhos objetivos. Cheguei a fechar várias mesas inteiras só com barracos feitos de quadrados com janelas e portas, garatujas formando as escadas e os espaços vagos, em branco, eram as vielas que faziam a ligação entre as moradias deste acúmulo interno. Pensando bem, desenhava mais verdadeiramente naquela época.

Hoje fomos à Brasilândia e lá revisitamos estas imagens.
Desígnio?

De volta ao centro, as paredes tomaram férias, um cheiro muito forte se acrescenta a esse centro, parecia um galho, mas era uma árvore.
Se não for desígnio, não sei de onde vim.
Um futuro filosofo você diria, preta de cabelo possuído, mas estou tão próximo que a prática me eleva a um fazejamento justo.

Hoje conheci um homem que mora na travessa de uma jaqueira. Ele construiu uma casa dentro de uma pedra e dentro da casa que ele construiu e mora, tem outra pedra. Ele dinamita pedras com fogo e água fria, cria seixos com choques térmicos, usando-os para fundamento da casa . O argumento de sua construção é, que viu um dia na TV, um arquiteto que construiu uma casa na pedra e pensou que poderia fácil, fazer o mesmo.

Foi impressionante ver como homens habitam pedras e as controlam, me deu uma inveja, uma ânsia filosófica me tomou e tudo, frente , atrás,direita e esquerda se tornou futuro, como no primeiro livro que li.

O contato com uma água viva é doloroso e queima, pois é um alargamento que come todas as palavras. Quando o indizível reina, percebo o que tenho coagulado. Pois eu poderia contar para um amigo simples o que se passa, mas não bastaria.
No trabalho de esculpir no tempo a eternidade, me suga ver germinar em tudo, um rastro de planta saída da fresta, cantando o céu, como um desenho ou um texto, que só podem ser reais, se forem o idioma íntimo do destino de seu autor.

É nesta lei que habito sem uma regra, participar é uma palavra que cabe, não me isenta e nem bifurca para uma fuga, mas cabe bem nesta imagem deste semelhante, que se espanta e se impõe comovido só por habitar as coisas, como a si próprio.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

a cidade rola num espiral de folhas amarelas
sob o como sempre arrasto minhas sandálias
estouro como uma pipoca

uma abelha veio e colocou mel no meu sangue pela minha boca
um unicórnio colocou a cabeça no meu colo e leu a consciência das palavras
agora posso prometer que ficarei sorrindo
prometer comoções na minha carne ao ver o seu corpo
pois isso são graças, graças raras

psicanálise do fogo



de onde vem a fala

ancestralidade

amizade, a inominada presença nos rodeia


pipoca

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Esparramo meu nome por todas as sopas de letras pela cidade, em todos os gatos, em todo caminhar pela feira com sandálias de couro na imponência de uma só experiência em toda experiência, contrário à ausência - que é o único pecado do espírito, o pecado de olhar uma pedra e só ver uma pedra. Na presença é como moro. Aí é onde devemos morar, aí de fato moramos. Não são várias experiências, todas fazem parte de uma só experiência.

No contentamento desta noção de que não existem vários problemas, sim um único problema, as coisas e os acontecimentos fenomênicos se tornam sopros contínuos. Para converter este sopro aparentemente de fuga em um sopro de vôo, vale retirar o limbo daquela maltratada máxima: “Tudo que não me mata me fortalece”. Esta admissão que vem de uma postura anterior ao olhar, elege um olhar marginália, oposto do que vê cereais e enxerga cereais, oposto do que vê comida e enxerga alimento para o estômago, sim um olhar que come e só de olhar se sacia, um olhar que não resiste e enfia a mão nos cereais.

Não resistir e viver a prata das coisas é um estado – existem lugares, geralmente perto de Deus ou da loucura, que homens afirmam que este estado é o nosso natural e, que o resto é blindagem – de conquista, como uma fogueira que vai queimando a lenha lentamente, ganhando espaço, cavando sua marca na terra. Mas fundado este estado, onde um clarão de eternidade cai sobre a terra, permanecendo nele, se torna fácil e doce afirmar: “se eu não vivesse uma tragédia, seria como se eu não vivesse”.
Compartilho esse sopro medicinal:

ando por terras escavadas
e sob tudo que escama
com formigas nos dentes
permaneço no elemento indefinível
na inominada presença que me rodeia

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eu não consigo fugir do que de fato é minha missão, anulei meu ego chegando na beira do nirvana, num alto astral, numa saída para a realização, como no fim do poema amizade de Paz ‘’ a inominável presença rodeia-me’’.
Como não, ouço agora uma procissão de pedreiros que edificam, descendo no alicerce, entoando glossolalias que ecoam no quintal entre o muro que está se levantando e a janela. Eles estão descendo no gozo da folga, deleitando o < para si >.
Isso pinta o que está inscrito nas paredes deste lugar , sua única finalidade é o regresso e habitá-lo é ter tudo.

“tenho tudo” é frase de escrever , pichar com x, pela cidade

Frase de nascer não pela própria força, mas de nascer como biologicamente, frase de afirmar o lugar de noção de que a vida me pôs ao mundo, nada fiz e por isso, nada tenho a temer.

Consultei um oráculo

Resposta de Llansol

``Uns sentaram-se a mesa, outros levantaram-se da mesa
todos eles me atravessaram –
Espero que, algures, tenham um jardim a sua espera”

Interiorizei isso escrevendo ao lado de uns papéis colados na parede, juntando com o que já tinha, tentei uma cena fulgor, que diz do lugar que habito e como habitar este lugar – aqui moram vestígios de uma poção, uma conquista que é a mesma de chegar no estágio de ao invés de falarmos “ele morreu”, dizer “ele venceu” – e essa tentativa trago para o prazer, para o sexo de ler

Feito de vazio
a mente me desabita e apaga meu nome e o que sou
já sem mim numa existência pura
empreendo levar-me pela força de toda força viva
raspando a tinta
refletindo em tudo que aqui e agora existe
como um espelho vazio

Umas sentaram, outras se levantaram da mesa
todas me atravessaram
atrás do rio que já tem nome
oposto de mim
me vingo num jardim à minha espera






fico depois da precedência, no E símbolo de desdobramento , na cúpula, nos verbos de ligação, mirando atravessá-los.

Peso!

http://luisfelipequintal.blogspot.com/

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Qual lado?

Lado Antes
Um homem resolveu sair sem tirar sua roupa de trabalho. Fiquei naquela cor de sangue amarelo, num degrade de pulsar, nas botas de borracha suja, nas marcas dos seus ombros e nelas vi gravada, onde ele apóia os pedaços, a carnificina de seu expediente. Vi ele deixando um rastro vermelho no chão, chacoteando os companheiros em voz alta, assobiando, segurando pelo gancho, levando as peças do caminhão até o fundo do açougue, raspando sutilmente no chão sem ninguém ver. Sim , carne era o que não faltava ali, queria, estava presente em corpo e com aquela cara – careca, olho fundo e irônico e aguado, magro e alto, tinha um nariz que cobria a boca, facilmente tocaria a ponta com a língua, como artistas, palhaços e anomalias de circo de horrores, ou amigos disputando habilidades poéticas num bar, ou um avô no auge de seu amor, levando a meia dúzia de netos ao delírio e as tias à indignação, na mesa, em pleno almoço de domingo –, sabia o que estava fazendo, no seu jeito estava uma fala, o que fazia era algo que a muito tempo já deveria ter feito, só faltava coragem. Assim atravessava na busca de uma fresta. Todos se espantaram, aquela intervenção na sua potência, abismou tudo.

A imagem do embarque na linha vermelha fala por si. E ele permaneceu.

Na tentativa do relato está um ônibus abandonado no meio do Alasca
me aproximo dele catando cavaco como quem se recupera de uma surra
e habito este lugar
que se faz quando está com fome

- isso poderia dar uma pergunta, mas na fome o blog do Luiz Felipe Racho é mais justo-

Carrego meu rifle
Afio minha faca
Separo as ervas, daninhas para esquerda e assim por diante

Não, não tem véus em jogo, tudo me reverbera nesse ato suicida
Cadê ele
perguntariam do universo paralelo e metafísico que finca seu pé no chão carnoso


Aqui ó
lendo este vínculo que é o da voz do canto
cuidando do vento que venta da minha boca
e dos reflexos daquilo que riacho
sem espanto percebi uma conjugação pra borrascas
nos livros de Adail se refaz o mundo:

tudo é reflexo da minha mente

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

disse que trouxeram a onça de cima da árvore para aqui no zoológico de Guarulhos
demiti o poema

quis atirar uma pedra mas a Geni sumiu do mapa
um homem com câncer no estômago fugiu do hospital
num gostinho de tocar a questão da fé
uma linha toca a outra e se torna mesma

já não sou eu quem vive
é o inesperado onde a necessidade e a oportunidade se encontram
no cheiro dos meus antepassados
apresento uma reunião de prosperidade onde fui gerado


e nos vemos em Tadassana
lá estarei inscrito na parte côncava
e já havia dito

“do pescoço pra cima é só antecedente”

na mesa do chá com minha avó vi minha mãe velha
o tanto que tenho de catar
e em baixo tem mais

essa é uma lei que me persegue
lei dos garotos rudes, dos meninos habitantes de telhados, dos meninos que bordam, dos meninos que colecionam panos velhos e cumprem sua pena, dos meninos que não dominam a gramática - pora!, isso é o mínimo para quem quer escrever, diriam os estetas que não replantam árvores secas -, dos meninos que não escrevem por que querem e sim por que precisam, dos meninos que são o tesouro, dos meninos que alteraram a gênesis, dos meninos que colecionam pedras por onde passam, dos meninos de olhos de obturador, dos meninos que ouvem os pássaros, dos meninos varão de família rasurada, dos meninos autistas, dos meninos empreendedores, dos meninos langos, dos meninos gagos, dos meninos que carregam todas as ferramentas de palhaço, dos meninos que só enxergam com o olho da nuca,dos meninos que ficam nas rugosidades das palavras,dos meninos que abrem buracos, dos meninos ladrões, dos meninos que não acreditam em doença,dos meninos estrangeiros, dos meninos pais, dos meninos que sonham voar de balão,dosmeninos que acham o pai na teceira margem do rio, dos meninos que rabiscam paredes, dos meninos de manga verde com sal, dos meninos de sal, dos meninos que largam vícios, dos meninos bernardos, dos meninos de inventar brinquedos, dos meninos eternos e dos meninos verdugos.


!me lembrei que existe uma clareira, um lugar aberto, como um lugar à força, mas leve, como um lugar possuído, lá, todos podiam gritar o que estavam sentindo sem a presença dos soldados, até o rei sabia, mas ali era um lugar permitido, uma conquista, um púlpito desmedido para uma catarse possível, fora da jurisdição...lembrei, é um lugar depois da fronteira, alguns dizem que é na fronteira, mas não, eu me lembro, é antes ainda, depois que atravessa,
Um mundo micreiro foi construído ao redor
redução de danos

quando beber um copo de água for isso eu já terei lambido todos os selos

os moleques me perseguem
é um estágio entre meu dedo e minha unha
está lá
e na página que cair lerei aquilo que se inscrever em mim

se gostamos de pensar que todo homem é filho de seu tempo e que sofre de qualquer maneira de todos os males desse tempo, mais violentamente e dolorosamente que os homens mais medíocres, a luta do grande homem contra seu tempo se reduz aparentemente a uma luta absurda e destrutiva que move contra si mesmo





Aí caí e abriu-se a fenda
esse espaço entre o pezinho e o inicio das costas


e que em volta dele seja arrepio


para ser possível hoje

trabalho longe de escrever poemas

perto de um lugar dormido

abro este buraco e aumento

até o idioma intimo do meu destino

sou fenda de voltar para casa

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

vivo criativamente porque falo de encontro
todo gesto é um risco e uma ousadia
e tem dias em que a noite foi fogo
e carrega na pele desencontros
fugindo e buscando
mas sempre pensando em hospedar

uma curva veio e fragmentou tudo numa pendência com o todo
lombada concava distancia meu queixo do peito e encosta a nuca nas costas
me faz reconhecer o encaixe
um ponto cruz traz a tona o firmamento
tenho que responder

Tratado do rasgo



vagão : vago, vazio = incerteza do nosso tempo muitas vezes chamada de vazio.



Ah Juliano Pessanha e Teruo, que saltaram e se abrigaram no antes da partida, eu compreendi a raiz da minha dor sofrida em mim mesmo e senti no próprio corpo o apagamento do brilho e a aniquilação da intensidade e me tornei o que sou.
A simplicidade de minha tarefa se resume em transitar por estes vagões, no entre das coisas e em todas as cabines e compartimentos pergunto a cada um que encontro: você não tem saudade de ir para o lugar fora do trem? de quão longe você vem? quando você era ainda uma criança, em que espaço você estava? você não gostaria de rememorar como eram as coisas antes do embarque?
Vou na direção contrária dos mensageiros do nada que ao invés de rasgar as paredes deste vagão, só às decoram com imagens mortas e textos competentes. ESTOU PROTEGIDO E ABRIGADO NO ESTRANHAMENTO, estou exilado e sinto falta de lugar pois a dor própria do meu abrigo comunica que nós não pertencemos ao espaço comedido e saturado do interior deste trem. Estou num lugar de passagem e este não que digo para este lugar medido, diz um sim para uma outra pertença - um lugar aberto e sem medidas onde a jovialidade e a celebração podem acontecer.
Este lugar é passagem, é desejo de partir, pois experimentei até o fundo e rasguei a argamassa metálica desse "VAGÃO". Estou sentado num formigueiro da incandescência, no cometa onde a criança enlouquece de lucidez. Com minha cabeça de Jano olho para dentro desse trem que começa a sair do solo rumo a imortalidade biológica e meu olho da nuca olha para um pedaço de praia onde uma criança acaba de levantar os braços comemorando sua primeira aparição frente ao mar. Dizer o que sinto, dilacerado entre estes dois mundos - um adulto, rodeado de palavras por todos os lados e plantado direto no logos e destituído de qualquer experiência, e outro, da criança habitante real - é a minha posição atual, posição ambígua e difícil, de espião de umbral.

Se faz necessário imaginar um alfandegário da última fronteira e formular-lhe a seguinte pergunta: " Mas como é que passam por aqui os que por aqui passam?
E ouvir a seguinte resposta:"Passam sempre conduzidos pela dor, pois os que vêm do aberto, quando precisam circular no vagão, TÊM DE VESTIR UMA MASCARA QUE OS IMPEDE DE RESPIRAR, e os normalizados do trem, quando se dirigem para o simples, têm de deixar no vagão todo o uniforme da sua identidade. Eles só passam para lá nus".

Tudo isso caiu quando descobri que só tenho o olho da nuca e só sei enxergar com ele.
Sou um poeta OBSCURO

Mas tenho que transitar e voltar e criar um olho na frente - ai está o sintoma de minha patologia, eis minha doença, meu distúrbio dicotômico? - que me faça conversar com os homens sentados no compartimento, cujo corpo já mimetizaram a blindagem do trem e cujo o olho hipnotizado só consegue olhar para frente. Faço a mediação entre estes dois idiomas intraduzíveis; Dai o caráter trágico de minha situação, transcende-la e estar no iminente tranquiliza e anestesia este drama.
Sento no compartimento desse trem munido de minha máscara respiratória, que pode ser meu rótulo e minha identidade imaginária, e indago ao companheiro do lado: "Ei moço, ei senhor, mas como pode ser tão grande o apelo deste trem?". "O senhor não está percebendo que está incômodo por aqui?"

Se esses homens cutucados não experimentam com toda transparência o pavor e o horror pelo interior deste trem, é porque seu olho de trás dorme e está atrofiado.
Então eu num grito evoco a nostalgia e o pressentimento adormecidos neste homem e executo minha tarefa, acordo e aumento seu olho da nuca.
Eu posso fazer isso por que sou mensageiro e minha palavra mesmo que dita no interior do trem, foi colhida fora, num lugar sem arranjos onde a única medida é a amizade pelas coisas e pelos outros.

Este lugar não é produto de uma imaginação utópica, mas para onde somos arrastados sempre e quando o regime da aparência, regime do vagão - do "vago" - dá lugar à vibração do surgimento.

Um texto pode se tornar texto se ele for o idioma íntimo do destino de seu autor.





valeu Jerry Batista,Chiu, Macalão e todos que colaram nas Reflexões do burro no colativo 132
toda segunda terça-feira do mês rola, só colar.
Rua nilo 132, próx. ao Metrô Vergueiro
http://coletivo132.wordpress.com/
muito obrigado!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ILHOTAS


a noite é rabiscada onde tem vermelho
desenho de água
aprendi a ver de cabeça para baixo


...



tudo corado
mar constante urra sem gênero
como sempre
sou lá fora desta fresta aqui dentro
e nós

vem pra cá pra deus nos desenhar


...


atraio crianças ao redor
tenho uma propensão poeta de ativá-las
cutuco absurdo levo tudo como aprendizado
acendo luzinhas coloridas no chão com a ponta da minha bota



...



eu me perdoo pelo pouco que sei
e deus me abençoa no muito que tenho de aprender


...

quis a noite toda
mas nossas blindagens luziram e ofuscaram

fiquei daqui vendo as estrelas dessa ampulheta
na certeza de um milagre horizontal como esse chão nas minhas costas

...


não saio de mim

pedra gozada
pedra gemida pedra arranhada
e a pedra do salto

céu e mar numa linha
um canto um grito pra África

...


arranquei meus joelhos
não matei nada além do tempo
e respondo a isso num lema que bate

atraída ela vem e venta branca como a praia

...


foi grande hoje e está em mim uma espera
próxima balsa trilha cortada e escura do peito até o estomago
lanterna o espírito e daqui sinto o céu ventar estrelas

...



estou na fresta ouvindo tudo de dentro
como quem não sabe nada
e não deixa nada além de pegadas
uma nova língua
um devaneio de infância
e uma praia na alma


...


sorri pra estrela
serei uma miragem nesta vida
sei digerir tudo
o dia e seu peso pediu outro
um de treinar a paciência

...

já estou em Pernambuco
chão batido crianças da terra e tudo que geme
eu estava preparado
águas claras pedras e pedro grande
mandando em nós e em tudo que rola
eu estava acordado
esperando vir mais





Boutique Bebé




Trabalho realizado na Boutique Bebé V.Nova Conceição.

Prainha Branca










quinta-feira, 7 de julho de 2011

TENHO RANÇO/AVERSÃO/ASCO DE:

RECLAMAÇÕES. COPOS DESCARTÁVEIS. REMÉDIO. ESTÉTICA - PLANO DO GOSTO. RECALQUE. PREGUIÇA. PSICÓLOGOS. DOUTRINAS. DOENÇAS. PAIXÃO. SURREALISMO EXACERBADO. DEBATES ENFADONHOS/CONVERSA FURADA. FUGIR DA FRUSTRAÇÃO. SER FRUSTRADO. MEDO. NÃO DUVIDAR DA GEOGRAFIA. ACADEMIA. NÃO DUVIDAR. INGRATIDÃO. AUSÊNCIA. DISTRAÇÃO.BARZINHOS. AZAR. MERCENÁRIOS. ESTETAS. MECENAS. TRAMBIQUEIROS. FEITO NAS COXAS. CRÍTICOS. NÃO VER AS PROVISÕES/DESATENÇÃO. OBJETIVISMO EM EXCESSO. COMER TUDO QUE RESPIROU UM DIA. DOÇURA EM EXCESSO/ NO LUGAR ERRADO. MELADO. MELANCOLIA. CIGARRO. COMPAIXÃO CEGA. POLÍCIA. DISCURSO. NÃO CULTIVAR OS ANTEPASSADOS/ ANCESTRAIS. NÃO OLHAR NO OLHO. FALAR NA HORA ERRADA. NÃO VIVER O SILÊNCIO.SARAU.PESSIMISMO. NÃO MEDITAR NO MÍNIMO UMA HORA POR DIA.CAMISINHA. UTOPIA SEM CONSPIRAÇÃO. NÃO SER JUSTO. MÉDICO.PINTURA ESPESSA. SER FECHADO. DESEQUILÍBRIO. PRESSA. ATENDER ANSIOSAMENTE AS DEMANDAS ANSIOSAS.PREMATURIDADE. APEGO AO PASSADO/ HISTÓRIA. NÃO TER META.FICAR MAIS DE UM DIA SEM LER NADA. ASSISTIR TELEVISÃO. FICAR MAIS DE UM DIA SEM DESENHAR.VÍCIOS. NÃO SER PRESTATIVO. SÓ FAZER PESO NA TERRA. ARTISTA. SER INÚTIL.POEMA.COMENTÁRIOS INÚTEIS. NÃO PLANTAR.SEGURANÇA. POLÍCIA FERROVIÁRIA.MENSAGEIROS DO NADA. DECORAR PAREDES.HOSPITAL. NÃO OUVIR .NÃO SE MANISFESTAR. ANIMAÇÃO CULTURAL. QUEM NÃO GOSTA DE CRIANÇA.NIILISMO. PEGAR SEMPRE DO MESMO JEITO NO LÁPIS NA HORA DE DESENHAR. DIZER/OUVIR NÃO SEI. DIZER/OUVIR NÃO POSSO. DIZER/OUVIR NÃO CONSIGO. DIZER NÃO SEMPRE. NÃO AGRADECER A TODAS AS COISAS DO CÉU E DA TERRA. NÃO SER UM ELOGIO À CONTRADIÇÃO.

Elogio ao ócio





palavra
mãe é uma lua
satélite natural
morada externa

ritual de observação de uma fenomenologia do gato






Este drible essencial
como se dá no devir

Nescau Mega Rampa 2011







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Muito Obrigado

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vocabulário de emergência - EM CONSTANTE

SIM. DEVANEIO. MUITO OBRIGADO. SUBLIMO. REOCUPO. DESENHO. POSSO. CONSTRUO. SOLUCIONO.RESPIRO. PESO. SUGIRO. AGRADEÇO. CALMO. ACALMO. CALMA. MELHOR. TRABALHO. PSICOGEOGRAFO. OLHO. ENGENHO. SOU. EMPREENDO. HORIZONTE. PURUSHA. ANIMA. BEUYS. MAR. STALKER. CHÃO. ARETÉ. GRANDE. VIRTUDE. CONTROLE.PEITO. VERDADEIRO. PAI. TINTA. MURO. MANUEL DE BARROS. VISIONÁRIO. ESTRANGEIRO. PONTES. ULISSES. RELIGIÃO. RIMA. MARIO QUINTANA. LIVRE. OUVIDO. ACREDITO. CONSIGO.CURA. CERTO.VOO. TODOS. CIMO. MEU. CÉU. LAGO. AR. COBERTURA. VIDA. ESFORÇO-ME. ANTES. CULTUO. DENTRO. CULTIVO. AQUARELO. FONTE. DESAPEGO. DESAPEGO-ME.MARTIN HEIDEGGER. POESIA. EXTENSÃO. EMINENCIA. ALMA. REDENÇÃO .ANIMUS. CASA. POETA. ANIMA. ANGELA CASTELO BRANCO. INDIA. MANEJO. GUARULHOS.FENDA. PEDRO.MÃE.EREMITA. ANTEPASSADOS. BERNARDO. DEUS. CRIANÇA.PINTO.AMOR.DIONISIO. PEI. RIMBAUD.VASTO. ANIMAL. PRIMEIRA. PRIMEIRO. NUVEM. PERFEITO. FALO. PULO. FATO. RUA. PALAVRA. SALTO. SONHO. OBJETIVO. DESÍGNIO. BAUDELAIRE. AI É VIDA. VEGETAL. TATEIO. VIVO. TERRA. HIP HOP. POTÊNCIA. TAMBOR. POTENTE. PENETRO. PRÁXIS. POLÍTICA. ESPIRITUALIDADE.CIÊNCIA. TRAQUEJO. PERNAS. ABRIGO. CRENÇA.LUIS. PERDÃO. PERDOO. PERDOEI. REAL. FIBRA. COSMOS.MOTE.OS DOIS PÉS NO PEITO. VÓRTICE. JORGE DE LIMA.COSTURA URBANA. COLAGEM. CONVERSA. SOCIAL. FORÇA. BAIXO VENTRE. KRISHNA. FÉ. SAÚDE. PENSO. TENHO. FILOSOFIA. ÚTIL. OBLAÇÃO. MUNDO. REFLITO. SACRIFÍCIO.ASANAS. MEDITO. AMIGO. FELIZ. BUDA. PROGREDIR. PROGRIDO . PROGRESSO. TENHO. BRASIL. VIRULÊNCIA. SIMONE. HIDEGGER. LEIO. ESTUDO. DURMO. ROMANTISMO E CONSPIRAÇÃO. ARREBATAMENTO. MAIAKOVSKI.SOJA. SURPREZA.A PALAVRA.KIERKEGAARD.CASTIDADE.PRAZER.HERESIA.LOUCURA.LINHA TÊNUE.RANCHO. CACEA.ELOGIO. CONTRADIÇÃO. CABELO.PROVÍNCIA.CARINHO.FOGO.LAR. VANDALISMO. EXATIDÃO.LIGO. UNO. ESPANHOL.VINHO. NOVA GOKULA. FUNK. EDUCAÇÃO. POVO. TAMANHO. INGRESSO. PASSE.DERIVA.OFICIO.MORRO.ILEGAL.MONTANHA. PEDRA. ESCOPRO. MOLDO. TRANSGRIDO.ARRISCO. ANTE NARCÓTICO. ANTE MANICÔMIO. DANÇO. BRINCO. INOVO. INOVAÇÃO.DESAFIO. MOSTRO. MONSTRO. FERIDA.DELEUZE.ROBIN HOOD.CACHOEIRA.IDIOTAS.RISCO.ESTRELAS.SUCESSO.ACEITO.MALLARMÉ.FENÔMENO. NASCI BEM ALTO. VISUALIZAÇÃO.VÓ.ADORNO.RUPESTRE.MARCA.VASTO. AZUL.CABANA.PARAÍSO.AQUI.AGORA.DRIBLE. GATO.ESCREVO.DRIBLO. SEMPRE HÁ. PUBLICO. EMBAIXO TEM MAIS.SUPERFÍCIE. ESPÍRITO. FÍSICA. MENTE. PELE. BURACO. ÁGUA.NOITE.RAP.VIZINHO.PARENTE. VAGAMUNDO. ANDARILHO.ANDO.GIUSEPPE UNGARETTI.MAIRIPORÃ. PRAIA. SÍTIO.EDITAL.WALTER BENJAMIN.MEMÓRIA.ULISSES BOSCOLO. REFIRO-ME.INTERIOR.VIAJO.LUGAR.MULHER.FRANÇA. NADJA.MORRO GRANDE. OFICINAS. IBERÊ CAMARGO.RUBENS ESPIRITO SANTO. VÍRUS. GRAMÁTICA. DOMINO.ESCOPRO. PUBLICO. RICO. FARTURA. BOM LUGAR. COMO. BEM. SUBSTÂNCIA. REVERBERO. CONSTANTE.ESPAÇO.VENDO. BELO.JABUR.BARRO.AMO.AÇO.CAULE.GUISO. PATUÁ. APACHE.CHÁ. EXCESSO. SOLIDÃO.MEL.HEREMITO.NAIFA.IMAGEM POÉTICA.CÍLIOS.BANHO.UNHA.PUPILA.TUBAINA.PAULO FREIRE.MENINO.LAMBE LAMBE.CRIADO MUDO.CANETÃO.LUZ.JOSÉ PACHECO.LAMELA.CUIA.MADEIRA.BACHELARD.CHAMINÉ. LÁTEX. ATLÂNTIDA.ALITERAÇÃO.ADHO MUKHA VIRASANA.ABENÇOO.POSIÇÃO DO GUERREIRO.MOCHILA.TRAÇO.FRANK AUERBACH.LIVRO DO ESPELHO.MACACO.SUBTERRÂNEO.GRAVO.SUTRA.MACACO.VERSO.REVELAÇÕES DIVINAS.LIGO.TRAVESSEIRO.O AGORA. CORRO.EU MANTRA. EU EVO.ISCA DE POLÍCIA.OS AMA.E.FEIRA.LIVRETO.UMBRAL.CANTINHO.LITERATURA SUBURBANA. ZINCO.SOUL
é necessário sustentar a dor do mundo, passar do estado passivo para o estágio ativo de denúncia. Tentar deslocar o homem que ainda esta fixado com subjetividade e vontade. Lembrá-lo do arrebatamento. É isso o caminho de migração, do voltar para casa. Nascemos no paraíso, nascemos para guardar o paraíso. De volta ao lugar já não há questão de obra de arte , porque tudo, cada gesto ou palavra desde o lavar uma xícara ou o cumprimentar um amigo, tudo é obra de arte e celebração contínua.

Juliano Garcia Pessanha
a terra
obscura onde tudo escoa contra a abertura e a clareira
faço este combate evidente por que respiro tenso no que há de claro
construo pois nunca me extinguo de faze-la encerrado nessa acolhida
que puxa o mundo para dentro de si e em si se mantém
resguardo esta ligação
a lembrança de que é preciso habitar a terra
um arrebatamento

reparo a fumaça da chaminé que de fato
une a casa ao céu.

Mistérios do Mar