quarta-feira, 29 de abril de 2015

À prensa do cobrador,

comi mesmo, aquele dia não pude resistir, a meses babava o lanche dos outros. Não sabia o que fazer, vibrei, naquela idade o medo é junto. Aos sete e aos setenta, se teme – líquidos conversantes na luva do estômago. Deve-se treinar o contrário, dizem.
Mas ele quis exercer o poder, fez questão de me oprimir: gelei com medo de ir parar no final.Resta-me o perdão e o sorriso que os tolos merecem. Tocar o minimalismo desse trauma é inútil. Pensei na realidade dos fatos e, parceiro do temor, vi imagens. O de uniforme sorria por dentro, via-se. Remoia-me numa ansiedade pânica. A rede de apoio, como sempre, eram os delírios onde contava rezava um deus qualquer: sempre um Sidarta na terra. Visitei esse deus íntimo e só nisso pude conter-me vivo no vivo: criança dando conta daquilo que era do adulto, adulterado. Abalado e gerado nisso de fundo e ilegítimo, me sinto à vontade – não foi a primeira e nem a última. Sempre teci o ventre que, sem separação, é uma mãe e um pai de dentro – linha puxada pra perto, emergência -, aos oito já sabia da corda. Solto esta cabeça perdida e daqui, já fé me despeço, grato ao tocar mais este fragmento.
Até nunca mais, B.P.



Nenhum comentário:

Postar um comentário