sábado, 8 de outubro de 2011

Num caminhar com um amigo de infância, cruzamos a cidade e fomos parar nos desenhos que eu fazia nas carteiras da escola. Segundo esse meu amigo – que sabe de mim, coisas que distraído esqueço – eu fazia esses desenhos em tudo que aparecia na minha mão. Sempre fui aficionado por favelas e sua diagramação no espaço. Isso se agravava em meu inconsciente e transbordava em desenhos distraídos – quando falava ao telefone, enquanto conversava com alguém – e também em desenhos objetivos. Cheguei a fechar várias mesas inteiras só com barracos feitos de quadrados com janelas e portas, garatujas formando as escadas e os espaços vagos, em branco, eram as vielas que faziam a ligação entre as moradias deste acúmulo interno. Pensando bem, desenhava mais verdadeiramente naquela época.

Hoje fomos à Brasilândia e lá revisitamos estas imagens.
Desígnio?

De volta ao centro, as paredes tomaram férias, um cheiro muito forte se acrescenta a esse centro, parecia um galho, mas era uma árvore.
Se não for desígnio, não sei de onde vim.
Um futuro filosofo você diria, preta de cabelo possuído, mas estou tão próximo que a prática me eleva a um fazejamento justo.

Hoje conheci um homem que mora na travessa de uma jaqueira. Ele construiu uma casa dentro de uma pedra e dentro da casa que ele construiu e mora, tem outra pedra. Ele dinamita pedras com fogo e água fria, cria seixos com choques térmicos, usando-os para fundamento da casa . O argumento de sua construção é, que viu um dia na TV, um arquiteto que construiu uma casa na pedra e pensou que poderia fácil, fazer o mesmo.

Foi impressionante ver como homens habitam pedras e as controlam, me deu uma inveja, uma ânsia filosófica me tomou e tudo, frente , atrás,direita e esquerda se tornou futuro, como no primeiro livro que li.

O contato com uma água viva é doloroso e queima, pois é um alargamento que come todas as palavras. Quando o indizível reina, percebo o que tenho coagulado. Pois eu poderia contar para um amigo simples o que se passa, mas não bastaria.
No trabalho de esculpir no tempo a eternidade, me suga ver germinar em tudo, um rastro de planta saída da fresta, cantando o céu, como um desenho ou um texto, que só podem ser reais, se forem o idioma íntimo do destino de seu autor.

É nesta lei que habito sem uma regra, participar é uma palavra que cabe, não me isenta e nem bifurca para uma fuga, mas cabe bem nesta imagem deste semelhante, que se espanta e se impõe comovido só por habitar as coisas, como a si próprio.

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