quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ILHOTAS


a noite é rabiscada onde tem vermelho
desenho de água
aprendi a ver de cabeça para baixo


...



tudo corado
mar constante urra sem gênero
como sempre
sou lá fora desta fresta aqui dentro
e nós

vem pra cá pra deus nos desenhar


...


atraio crianças ao redor
tenho uma propensão poeta de ativá-las
cutuco absurdo levo tudo como aprendizado
acendo luzinhas coloridas no chão com a ponta da minha bota



...



eu me perdoo pelo pouco que sei
e deus me abençoa no muito que tenho de aprender


...

quis a noite toda
mas nossas blindagens luziram e ofuscaram

fiquei daqui vendo as estrelas dessa ampulheta
na certeza de um milagre horizontal como esse chão nas minhas costas

...


não saio de mim

pedra gozada
pedra gemida pedra arranhada
e a pedra do salto

céu e mar numa linha
um canto um grito pra África

...


arranquei meus joelhos
não matei nada além do tempo
e respondo a isso num lema que bate

atraída ela vem e venta branca como a praia

...


foi grande hoje e está em mim uma espera
próxima balsa trilha cortada e escura do peito até o estomago
lanterna o espírito e daqui sinto o céu ventar estrelas

...



estou na fresta ouvindo tudo de dentro
como quem não sabe nada
e não deixa nada além de pegadas
uma nova língua
um devaneio de infância
e uma praia na alma


...


sorri pra estrela
serei uma miragem nesta vida
sei digerir tudo
o dia e seu peso pediu outro
um de treinar a paciência

...

já estou em Pernambuco
chão batido crianças da terra e tudo que geme
eu estava preparado
águas claras pedras e pedro grande
mandando em nós e em tudo que rola
eu estava acordado
esperando vir mais





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