Talvez só
você saiba que sempre quando as pilhagens tomavam o entorno, eu ia para a laje
e juntos admirávamos o aberto, a serra, e ali naquela interação/integração
cósmica, sentia que havia o horizonte por vir.
Naquela
serra antenavamos, sempre numa captação triangular. Sinto que até hoje me junto
às antenas quando o entorno e a realidade me tira a paz de um salto. São elas
Jorge de Lima, Arseni, Holderlin, Ungaretti, Bachelard, Nietzsche e Giordano Bruno, entre
outras, que acesso numa necromancia que me irmana, me ampara e me faz sentir que somos
como antenas que codificam frequências inauditas.
Mas não, elas
são audíveis, audíveis a todos, o que nos difere talvez seja a disposição, e que inevitavelmente transmitimos as nossas captações – rádio e cavalo sempre num ligamento. Talvez
o que fazemos é descobrir outra forma de captação – um ajuste a mais, uma
gambiarra que capte outras frequências, um outro jeito de captar a mesma coisa.
Intuo que
foi ali, nessas estadias, que teci esse meu inevitável desígnio, como a um
destino atávico, pois não podia ser diferente o fardo de quem se amiga com antenas
– fita isolante.
Por essas e outras lhe sou grato, lhe desejando todos
os meus bons votos,
do sempre seu, B.P.
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