quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Às estadias junto à antena


Talvez só você saiba que sempre quando as pilhagens tomavam o entorno, eu ia para a laje e juntos admirávamos o aberto, a serra, e ali naquela interação/integração cósmica, sentia que havia o horizonte por vir.

Naquela serra antenavamos, sempre numa captação triangular. Sinto que até hoje me junto às antenas quando o entorno e a realidade me tira a paz de um salto. São elas Jorge de Lima, Arseni, Holderlin, Ungaretti,  Bachelard, Nietzsche e Giordano Bruno, entre outras, que acesso numa necromancia que me irmana, me ampara e me faz sentir que somos como antenas que codificam frequências inauditas.

Mas não, elas são audíveis, audíveis a todos, o que nos difere talvez seja a disposição, e que inevitavelmente transmitimos as nossas captações – rádio e cavalo sempre  num ligamento. Talvez o que fazemos é descobrir outra forma de captação – um ajuste a mais, uma gambiarra que capte outras frequências, um outro jeito de captar a mesma coisa.

Intuo que foi ali, nessas estadias, que teci esse meu inevitável desígnio, como a um destino atávico, pois não podia ser diferente o fardo de quem se amiga com antenas – fita isolante.  


Por essas e outras lhe sou grato, lhe desejando todos os meus bons votos, 

do sempre seu, B.P.

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