quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ao meu primeiro invólucro



Sei que foi tecido por mim, mas mesmo assim lhe agradeço pelo amparo.

És num feixe de luz e nisso era feita a minha primeira casa. Sinto sua presença e quando ela me falta, refaço sua proteção nessas ações de acolhida do tempo onde se faz outro tempo – sempre presença circular.

Esse é o passo onde constantemente me refaço para permanecer dentro, por isso lhe escrevo aqui. Escrevo-lhe também para agradecer a concha de cabelos ruivos que me acolhera nesse momento de nascer pra dentro. Muito obrigado, tocamos uma reconciliação e daqui nos compreendemos felizes, abandonando nossas inimizades que a vida sabida nos trouxe: a infância conhece as infelicidades através dos adultos. E todas as varinhas voltam a ser mágicas.
Te abençoo assim como você me abençoou, lhe desejo toda boa sorte do mundo , e seremos cada vez mais felizes juntos; te reconheço e toda vez que te vejo, vejo uma mulher vindo em minha direção – Chico Cézar canta “Mama África” ao fundo.

Sinto que com este ato nos reconciliamos assim como todos os organismos vivos são. Assim me vejo agora uno com todas as minhas esferas e nisso sigo como se mamasse nas tetas eternas da via láctea. Sou inquilino do universo.  

                                                                                                                               Seu, Bruno Pastore

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