quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Agente gutural




Estou abandonando, cada vez mais, a fala cultural: modo de dizer alinhado ao que me cerca. Nisso acesso a fala g-u-t-u-r-a-l, pois só assim poderei escrever meus devaneios, alterando e agredindo-os o menos possível, podendo finalmente dizer em seus ritmos, numa fala antes da fala, numa fala interior rente a alma: lugar uterino onde e como o feminino da linguagem se dá numa possibilidade acolhedora.
Existe a forma cultural de falar, escrever, transar e se relacionar. Sinto que este meio em que a vontade se expressa esta mundificado, arraigado á um logos masculinizado, totalizante, neurótico, que traz indícios brutais da primeira repressão sexual/sensual.
 Mas do mesmo modo, se faz possível falar, transmitir, transar e se relacionar de maneira gutural. Buscando uma expressão interior, se expressando de onde a necessidade da transmissão, da fala e da relação jorra.
Isso, não é estar fora das éticas, das leis e das morais, sim estar antes delas, estar onde elas brotam, falando no idioma–véu-fino do paladar, no estado onde a linguagem brota, agredindo-a e reprimindo-a o menos possível.

Aceito a árvore frutífera que é frutífera, mas não no sentido.


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