Estou
abandonando, cada vez mais, a fala cultural: modo de dizer alinhado ao que me
cerca. Nisso acesso a fala g-u-t-u-r-a-l, pois só assim poderei escrever meus
devaneios, alterando e agredindo-os o menos possível, podendo finalmente dizer em
seus ritmos, numa fala antes da fala, numa fala interior rente a alma: lugar
uterino onde e como o feminino da linguagem se dá numa possibilidade acolhedora.
Existe a
forma cultural de falar, escrever, transar e se relacionar. Sinto que este meio
em que a vontade se expressa esta mundificado, arraigado á um logos
masculinizado, totalizante, neurótico, que traz indícios brutais da primeira repressão
sexual/sensual.
Mas do mesmo modo, se faz possível falar,
transmitir, transar e se relacionar de maneira gutural. Buscando uma expressão
interior, se expressando de onde a necessidade da transmissão, da fala e da
relação jorra.
Isso, não é
estar fora das éticas, das leis e das morais, sim estar antes delas, estar onde
elas brotam, falando no idioma–véu-fino do paladar, no estado onde a linguagem
brota, agredindo-a e reprimindo-a o menos possível.
Aceito a
árvore frutífera que é frutífera, mas não no sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário