Sondo a influência destes desenhos em meu destino/realidade
no agora
O mundo que eu habitava enquanto fazia aqueles desenhos nas
mesas de casa e da escola, compulsivamente, quando era menino
a energia devaneante(água+fogo=vapor) é responsável por
atrair a matéria que me cerca no agora?
Hoje trabalho nas encostas ocupadas, são encostas com casas como
aquelas que eu desenhava, por mais que eu tente desistir, sou levado a trabalhar
em lugares como Suzano, Perus, Brasilândia, Jd São Luis, Cachoeirinha, Jova Rural
e Morro da Providência, entre outros, que remontam aquela paisagem íntima que
eu era, incondicionalmente, obrigado a exteriorizar. Vou dar oficinas, propor vivências,
falar sobre arte, comunicar meus prazeres e partilhar meu chamado.
Sempre me admirei com as construções irregulares nas
encostas, e durante um período de minha vida, eu quis morar ali. Cercado por
essas aparições, desenhar talvez fosse a forma que encontrei, quando criança, de
dar conta desses espantos.
Toco o sujeito puro
que fui, aquele que desenhava, antes de saber da palavra desenho (que vem de
desígnio, do latim designare que quer
dizer “decifrar as estrelas”), mais perto do Ser que agora. Toco este
centro energético de múltiplas irradiações, este ser puro que estava mais perto
do Ser. Estou numa matéria abissal hesitando entre o ser e o não ser.
Aqui sou o limite de minhas ilusões perdidas.
(Ver o documentário sobre Max Ernest – a partir de 01:02:23 –
onde ele relata espantado ao ver as encostas do deserto americano, chegando a
cogitar a possibilidade de ter premeditado/profetizado aquilo, valendo-se dos
acasos objetivos cunhado por Breton. Vale lembrar que ele não foi para a América
por escolha própria, e sim refugiado da guerra, a questão de vida ou morte eram
limítrofes. E ele construiu uma casa naquele presságio-encosta)
Certo disso ou não, habitar se isso faz sentido, pouco
importa, pois sempre morei rente à encostas habitadas e pouco consegui sair disso.
Em todo caso, estas são imagens que devem ser honradas.
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