domingo, 12 de julho de 2015

Parido de uma casa vermelha
as rachaduras do quintal até o portão fazem encostar a nuca nas costas
e o mundo se abre, ele é um apetite no interior da mandíbula
O ipê roxo estava lá entapetando a calçada desde dentro e em cada pedra
- encaixadas uma a uma - o cachorro passa batido arremessado na paisagem que por ele passa: a sua indiferença nos ama como se nada mais se atrevesse a atravessar
Mas não,
uma árvore nodal com uma casa de cartas no meio, os entulhos e as trepadeiras e os grafites grudados feito liquens no muro mugrento
bastam para tudo voltar a ser rente e o coração anunciar a criança que fomos
- anunciação abismal e o olho arregalado de um menino frente a zona mercúrio do entre –
o organismo de um chamado é partilhado aos entes
na frieza de um ponto que espera sem deixar de conter o córrego da palavra córrego no que é verdadeiramente córrego
no asfalto que jamais se queixa – curva no aberto -
tomado pelos esquemas que liberam o corpo da suspeita de si
- nisso uma árvore é tombada no mais aberto ainda –
o céu é prateado de uma voz que funda a medida desse ventre que nos acompanha
é impossível dormir com esse centro na cabeça
é impossível dobrar esta antena
talvez seja ela a lentidão dessa curva que anuncia o fim do trecho
um perímetro excedido à beira rio
a infinição desses nascimentos cobrem o olho – mechas-imagens da infância –
como se ventasse uma bandeira, mas instalado na eira ligante que se agita em sua cor
As atrações ventrais beiram as tonalizações que se cruzam na presença arregalada e colada naquilo que é transitado e transita: tudo diz frequenta-me
e se o horizonte é marginal, não se sabe quem mudou a direção dos ventos
e ao contrário, os graus entre as nuvens ainda tomam aquela mesma sopa
e devem ser honrados até essa voz rouca socar as costas novamente
Rostoutrem: basta o calor humano de um pico e o contra fluxo das rachaduras das faces se abrindo entradas nelas mesmas e todos os assuntos penderem-se atravessados
e deve ser isso andar na linha

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