Ser de sensação que conserva em si as horas de um dia e os graus
de um momento.
De frente a esta paisagem, que é anterior a
todos os homens – a ausência do homem é vista.
Nessa ausência, que é uma antecedência, integro-me na paisagem: o
olho arregalado é um scanner antropofágico.
É precisamente nesse devir não humano (anterior ao homem), de
frente a essa paisagem não humana da natureza, que se torna possível ver que,
se há um minuto do mundo que passa, posso me transformar nele.
Nessa certeza de que não estou no mundo, mas sim me tornando com o
mundo, a partir desta contemplação( que não contempla, mas digere e se anima
com o que é digerido) que é uma interiorização,
me torno universo, animal, vegetal, molécula e tudo é visão, devir constante e
incondicional. Pois daqui, de frente para esta paisagem tão companheira e
engolida, nenhum infortúnio me alcança. Nesta imunidade tão benfazeja, sinto os
tabus se transformarem em totens aliados.
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