...na vida, na casa e no trabalho...
Schopenhauer
Não imponho meus sentimentos e desejos aos outros.
É visto que não posso dizer ao outro (e se posso, posso
quase nada) “fique feliz, não fique triste”, sendo que isso seria dito por ele
mesmo, e só por ele, para ele mesmo. No máximo acolho o sentimento do outro com
um abraço e um silêncio profundo, fazendo a voz que lhe tiraria de tal estado
sentimental, ecoar do fundo se sua pulsão anímica.
A felicidade ou simplesmente a animação não são coisas fáceis
– podem ser simples, mas nunca fáceis -, sendo muito difícil encontrá-la em mim,
porém bem mais difícil encontrar em um lugar distante. Talvez as pessoas
próximas, aquelas que amo como amigos e familiares sejam os únicos que podem
alavancar esta pulsão que anima e me livra de não conseguir cambiar os
sentimentos.
É claro que as pessoas em que confio podem gerar esta
alternância fazendo ecoar a voz que move, mas sinto que é somente quando ela
ecoa das profundezas íntimas, é que posso de fato levantar a ancora e partir
para outra.
É interna, porém construída com o entorno (tudo que podemos
colocar para dentro e transformar em aliados), aquela fantasia poderosa que é
capaz de transformar uma ocorrência cotidiana em algo grande e belo. Mas parece
que, somente quando falo por mim (fala de si) é que sou capaz de manifestar-se
em ajuda – “aquele que se expressa e se manifesta, traz ajuda a si próprio”.
Sinto que somente depois de um pedido de ajuda, manifesto ou
expresso (aqui, a leitura e interpretação do gesto e a leitura do rosto já são totalizantes:
invasão e sequestro do outro), é que a ajuda pode ser oferecida. Somente o ser
para si mesmo pode fazer-se e refazer-se, a cada instante, a forma que lhe
oferece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário