quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eudemonologia para o agora

...na vida, na casa e no trabalho...
Schopenhauer


Não imponho meus sentimentos e desejos aos outros.
É visto que não posso dizer ao outro (e se posso, posso quase nada) “fique feliz, não fique triste”, sendo que isso seria dito por ele mesmo, e só por ele, para ele mesmo. No máximo acolho o sentimento do outro com um abraço e um silêncio profundo, fazendo a voz que lhe tiraria de tal estado sentimental, ecoar do fundo se sua pulsão anímica.

A felicidade ou simplesmente a animação não são coisas fáceis – podem ser simples, mas nunca fáceis -, sendo muito difícil encontrá-la em mim, porém bem mais difícil encontrar em um lugar distante. Talvez as pessoas próximas, aquelas que amo como amigos e familiares sejam os únicos que podem alavancar esta pulsão que anima e me livra de não conseguir cambiar os sentimentos.

É claro que as pessoas em que confio podem gerar esta alternância fazendo ecoar a voz que move, mas sinto que é somente quando ela ecoa das profundezas íntimas, é que posso de fato levantar a ancora e partir para outra.

É interna, porém construída com o entorno (tudo que podemos colocar para dentro e transformar em aliados), aquela fantasia poderosa que é capaz de transformar uma ocorrência cotidiana em algo grande e belo. Mas parece que, somente quando falo por mim (fala de si) é que sou capaz de manifestar-se em ajuda – “aquele que se expressa e se manifesta, traz ajuda a si próprio”.

Sinto que somente depois de um pedido de ajuda, manifesto ou expresso (aqui, a leitura e interpretação do gesto e a leitura do rosto já são totalizantes: invasão e sequestro do outro), é que a ajuda pode ser oferecida. Somente o ser para si mesmo pode fazer-se e refazer-se, a cada instante, a forma que lhe oferece.


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