Falar-lhes é falar de um tempo sem relógios – os cheiros e
os sons e as luzes que ditavam o tempo nesta presença -, aliança cósmica
através de meus sentidos: se lhe ouço até hoje nas madrugadas – implacável
terceira badalada -, é no fim da tarde que sou resgatado para quando o
estremecimento de seu som anunciava a hora de voltar para casa: chão tremendo, revoada
de pássaros, cheiro de café fresco e de bolo de fubá e rodízios embaralhando os
fatos de minha vida. Cosmo-estação onde o sol ditava o tempo de meus passos
pelos terrenos baldios – pés atolados em minhas primeiras estadias, o barro era
visitado como visito a mim mesmo agora.
Sua velhice e seu cansaço urgem o vivo-no-vivo de minha vida
- acesso a via onde ela passa - e nisso digo que fui iniciado. A dama da noite,
estou atrasado caçando as palavras para dizer quando chegar em casa, no pânico
de um menino-sempre-depois-do-tempo/antes do tempo dos homens, atento a uma
outra contagem, a dar satisfações a uma outra mãe. Nisso uma admiração me toma:
será que eu só pensava na hora; busco o que se pensava em mim, sempre depois do
tempo dos homens, sempre antes.
Dignifico aqui este tempo cósmico, aliado aos cheiros e sons
que me cercavam, pois eram eles que me regiam e isso é a única coisa que posso,
de corpo, lhes dizer.
Junto a este ser sonoro e olfativo, pequeno, masque vibrava
nessa integração, me despeço, agradecendo-lhes por cada encontro!
Do sempre seu, B.P.
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