segunda-feira, 24 de novembro de 2014

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aceito minha dor
é uma amiga que me faz seguir ou recuar e na dificuldade de ouvir o coração é ela quem fala
ouço esse segundo coração - exú de minhas encruzilhadas
só assim ela irá partir ou revezar de lugar

cada fruta carrega seu cacho e da vazão à suculência numa agonia em estado de ser

estou chegando num estado onde o vento é expresso nas árvores e é numa impossibilidade de ficar parado que as coisas mais gratas fluem. é quando estou parado  que vários estados vem ao meu encontro, alguns frutíferos e outros não. me sinto numa necessidade de adentrar. é como se soubesse de todos os mundos que me cercam e quisesse sempre visitá-los. ao sair de casa percebi que me cabe mais a palavra endereço do que escritor ou poeta - um endereço a endereçar. esse endereçar vem de uma necessidade que, vista por um prisma capaz, me faz compartilhar meus prazeres incontrolavelmente. são mundos que acesso enquanto uno a inevitável criação com a saudável atividade. eles são sempre frutíferos e espocam na realidade me fazendo bem, me dando esperança e, por mais que eu não acesse nada, pelo menos fico com o texto e com os materiais que se acumularam e se diagramaram conforme suas fruições. eles trazem em si possibilidades de mundo - minhas mãos escrevem, poderiam estar fazendo coisas piores nos mandamentos desse impulso. sinto estar tomando posse da mão: sempre um endereço a endereçar.

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