terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

“Em casa de menino de rua, o último a dormir apaga a lua.” - Giovani Baffô


Pintei a casa de vermelho, e quando entro nela parece que estou dentro de um organismo vivo. Definitivamente, foi isso que eu quis sempre: estar dentro de um organismo sempre vivo.
Ela me fez reconhecer ausente e me trouxe para a presença(se a matéria não for um instrumento de atenção ela realmente não nos serve devidamente, a casa, assim como todas as obras, é obra para lembrar - nos). Ela me fez reconhecer que, VENDO BEM,sempre estive neste lugar - o corpo("casa do espírito") é um raro e indecifrável exemplo de organismo vivo e o planeta(primeira "casa do corpo"), assim como o corpo, também é um organismo vivo.
Agradeço por este instrumento de uso difícil e essencial, estar realizando bem o seu trabalho e nesse papel me lembrar sobre organismos vivos, me lembrar que mesmo na ausência de um olhar perante eles, eles sempre existiram. A casa me lembrou da Vida. A casa, se é um instrumento de lembrar da Vida, é um instrumento de Vida, pois assim como falar da Vida aumenta a vida, lembrar da vida deve ter o mesmo efeito.

Daqui, neste lugar vermelho, na minha terra natal, a vontade não passa de uma luz tísica que reflete uma sombra morna à quem chamo de escolha - aquilo que achamos que fazemos, e que damos a maior importância, depositando com toda potência a nossa atenção, em busca da tal "liberdade" de conseguir fazer tudo que queremos.
Percebi essa balela mirrada que nos impossibilita de ver que as escolhas que realmente contam e fizeram a diferença, não foram feitas por nós. Como nascer, eu não escolhi nascer, mas ter nascido fez toda a diferença.
Vivo naquilo que conta, nas escolhas que foram feitas quando eu ainda não tinha palavra e nem sabia o que era escolher.
Percebo que a vida é imantada e se somos, somos da mesma forma daquilo que nos prende a terra e nos livra de ir de encontro à cratera.

Agora percebo onde estou, de fora já da para ver, a casa vibra.

2 comentários:

  1. tua parede aqui (literalmentepastore) é branca e

    tbm vibra
    e tbm Vive.


    escrita: dizer o dado: dar presente: traqnuilidade de não brigar com " o mundo como algo dado": tenho descoberto(e aqui tem disso) coisas de deixar crítica e abraçar o Crivo: percebi que se algo é já dado como dado é porque ganhamos de presente.

    saúde-saudade.

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