quinta-feira, 27 de maio de 2010

1
Cada dia refaz um jogo mallarmaico
- um copo de dez contornos-
beiradas onde falta ponte, surge pinguelas,
poemas de sumir nos outros,
de encontrar o pai,
como um inventor tudo me pertence:
peripécias de minha oftalmia,
esquinas quintanas,
minha crença, suas quimeras.
Neto de Dionísyo, de Baudelaire
da rua herdei escrever seus paços.

2
A hora deu foco,
passado, continuação na linha que me desenha nesse espaço no tempo,
lupa que concentra a luz solar e queima este papel,
acolho o grau desta intensidade.
Debruço a janela externa que dorme congraçada à espera e verdade,
não defino, sei de erro, rompimento e solidão.
Linguagem não me reúne, me forço a traduzir,
uno por não cometer o pecado original do espírito,
me precipito, beiro por isso posso.
Religuei-me ao núcleo ausente, voltas em torno de seu centro,
posso falar o que ignoro, ser um fato que se reproduziu.
Homem é ser, e sabe se aquele que fala não sabe o que diz.

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